As pedras falarão: Descobertas arqueológicas para solidificar nossa féSample

Escritas e Escribas
A Bíblia ganhou forma ao longo de muitos séculos, período que se caracteriza por uma transição gradual de uma cultura, principalmente oral, para uma sociedade na qual a escrita e a alfabetização se tornaram comuns. Dentro do contexto de mudança, as palavras “escritas” e “escribas” tinham uma gama de significados.
A palavra “escriba” geralmente se refere a alguém que sabe ler e escrever. No mundo antigo, porém, os escribas desempenhavam vários papéis, na maioria das vezes no contexto da administração oficial. Registravam transações, escreviam cartas, mantinham registros judiciais e cumpriam outras funções administrativas que se associavam ao palácio ou templo.
Na Bíblia hebraica, a referência mais comum aos escribas é como funcionários do governo. A palavra para “escriba” (que vem da raiz ספר “escrever”) traduz-se frequentemente como “secretário” (2Sm 20:25; 1Rs 4:3). Baruque, escriba de Jeremias, trabalhava entre oficiais de alto escalão no reino de Judá, e a Bíblia o retrata tanto como alguém que escrevia as palavras que Jeremias proferia quanto quem as lia diante do povo (Jr 36:4-6, 26, 32). Esdras, o escriba, era um sacerdote que servia tanto na esfera religiosa quanto na política. De maneira semelhante, o Novo Testamento geralmente retrata os escribas como um grupo unificado que se juntava aos fariseus em oposição a Jesus. Tratava-se de uma variedade de funcionários diferentes que atuavam em aldeias, templos ou na vida da corte. Às vezes, tais pessoas demonstravam certa abertura para os ensinamentos de Jesus (Mc 12:28-34).
A maior parte do material de escrita que o mundo antigo utilizava era perecível, o que significa que a preservação no registro arqueológico é disforme. O fogo endurece tabletes de argila e bullae (impressões de selo em argila), mas oblitera pergaminhos e estiletes de junco. O papiro e o pergaminho raramente sobrevivem, a menos que sejam armazenados em um local excepcionalmente seco, como as cavernas no deserto da Judeia. Apesar das dificuldades, várias descobertas arqueológicas ilustram a prática dos escribas no mundo antigo. Um exemplo é o arquivo 'Elyāšîb de Arade, cidade que faz fronteira com o Neguebe e o deserto da Judeia. Em uma das salas dentro da fortaleza, os arqueólogos descobriram óstracos (cacos de cerâmica com inscrições), que serviam como lembretes da época. Os óstracos de Arade incluem cartas para 'Elyāšîb com instruções para a entrega de mantimentos e outros assuntos administrativos. Laquis, outro local da Judeia, também produziu óstracos das últimas fases de ocupação antes de sua destruição pela Babilônia.
Nessa época em que a escrita era restrita principalmente para uso da elite, devido a questões de alfabetização e ao custo dos materiais, a população em geral a via como algo misterioso e até divino. Números 5 se refere a um ritual no qual o sacerdote falava maldições encantatórias que eram, até então, escritas. A escrita era lavada e a utilizavam para fazer uma bebida pela qual Deus revelaria a culpa ou inocência de uma pessoa. A consequência é que o nome escrito representava a essência da pessoa e destruí-lo acabaria com a existência dela. Uma perspectiva semelhante é evidente nas inscrições semíticas do Noroeste que contêm maldições elaboradas contra qualquer um que ousasse apagar o nome inscrito da estátua ou estela. Os antigos escribas egípcios relacionavam a escrita com magia.
Hoje a Bíblia chega até nós no formato de livro, partes menores que se unem em uma única obra. Tal fato torna fácil o esquecimento dos processos pelos quais essa coleção de escritos passou, de peças independentes a uma coleção canonizada.
About this Plan

Dizem que as pedras não falam... mas as pedras da história estão falando. A arqueologia não compete com a fé. Ela a confirma, a enriquece... e a fortalece. Neste plano de leitura, você vai descobrir como os achados arqueológicos dão vida às histórias da Bíblia. Vai percorrer culturas, civilizações e tradições que cercaram Israel e, ao mesmo tempo, conectar sua fé com evidências reais que resistiram ao passar dos séculos.
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