As pedras falarão: Descobertas arqueológicas para solidificar nossa féSample

A Estela que revela a casa de Davi
A Estela de Tel Dã é uma pedra de basalto quebrada, com uma inscrição em um dialeto aramaico antigo. Arqueólogos encontraram três de seus fragmentos. As formas das letras da inscrição indicam que a esculpiram entre 845/840 e 825 a.C., provavelmente em 835/830 a.C. É possível que o autor tenha sido o rei Hazael, de Aram-Damasco, embora o texto não mencione seu nome.
Tradução do texto reconstruído:
- ...ele disse: [A (?)] ali(ança que faço com você) como (seu pai)
- (com) meu pai (-hadad ?/ -el ?) fez uma aliança. Então ele foi (e) entrou (?), para se aliar com (meu) pai.
- E meu pai se deitou (doente) e foi para seus pais (isto é, morreu). Aqui o rei de I(s) rael entrou (avançou).
- Em QDM (= País Oriental, Haurã), localizado na terra de meu pai. (Mas) Hadade (me) fez rei.
- Sim, eu! E Hadade marchou diante de mim (e) parti de(pois) de se(te) dia/ (s)
- do meu governo. E derrotei (sete)nta re(is), que utilizavam duas m(il car)/ruagens
- e dois mil cavalos. (Então, matei Jo)rão, filho de A(cabe),
- o rei de Israel. E (eu) mat(ei) Acaz(ias), o filho de (Jorão, o r)/ei da
- Casa de Davi. Aqui, transformei (em ruínas) suas terras... (as cida/des
- de suas terras em(desolação
- outr(o/s). E transformei)... E Jeú se tornou re)/i
- sobre Is(rael... coloquei)
- cerco (baluarte) contra (...)
- ..................................................
O autor procura estabelecer uma aliança. O pai do potencial parceiro já havia feito um acordo prévio com o antecessor do autor. A maioria dos estudiosos lê o nome do predecessor como Hadade, por completo, Bar-Hadade (em hebraico, Ben-Hadad). O “pai”, ou seja, o patrono do autor, também aparece na linha 3, em que fala sobre sua doença e morte, e na linha 4, diz que o rei de Israel invadiu o país do “pai”. As linhas 4 e 5 relatam que, sete dias depois que Hadade assumiu o trono, sua divindade foi à frente da batalha. O rei não era o sucessor designado de Aram-Damasco. As linhas 7 e 8 informam que os reis “Jorão, filho de Acabe de Israel” e “Acazias, filho de Jorão, rei da casa de Davi” morreram na batalha contra o rei de Aram. Quando ocorre a designação “casa de X” em inscrições do Antigo Oriente Próximo, ela indica dinastias ou entidades políticas. Os moabitas aplicaram a mesma terminologia à dinastia de Onri, assim como a Bíblia hebraica. A linha 11 afirma que Jeú se tornou rei de Israel.
A inscrição fornece detalhes adicionais para o relato bíblico dos contratempos israelitas e judaítas, que 2 Reis 10:32-33 e 12:17-18 registram, mas da perspectiva dos sírios. A Bíblia mostra que, já no início do reinado de Hazael, Aram-Damasco tentou fazer um ataque militar surpresa contra a região de Haurã. Enquanto marchava para Gileade a partir do sudeste, Ramote-Gileade se tornou o alvo. Por outro lado, o reino setentrional de Israel esperava tomar Gileade e Haurã quando a dinastia dos arameus caiu após a morte violenta (845 ou 842/41 a.C.) ou natural (842/41 a.C.) de Adade-Idri e seu filho, Bar-Hadade III, que o usurpador Hazael assassinou. Jorão marchou para Haurã, mas um ataque arameu, da parte sudeste de Haurã, fez com que suas forças recuassem. Incapazes de proteger a ponte militar de Tell er-Rumeith, os israelitas foram derrotados na cidade de Ramtha.
A evidência histórica para o provável autor da Estela de Tel Dã parece se ajustar melhor ao rei Hazael, de Aram-Damasco (842/841–805/796 a.C.). O início do texto fala de duas alianças importantes entre o patrono do autor da estela e seu aliado, bem como de uma aliança prévia entre o pai do patrono e seu aliado. O patrono do autor, uma pessoa importante na corte ou o próprio rei de Aram-Damasco, provavelmente era Adade-Idri (ante 853-845/842/841 a.C.). Certamente, seu aliado deve ter sido Jorão, de Israel (852-841 a.C.). O pai do patrono, na aliança prévia, era Ben-Hadade II (ca. 870–ante 853 a.C.). Por sua iniciativa, a dinastia dos arameus firmou um tratado com Israel em Afeque (854 a.C.), um ano após o cerco de Samaria (855 a.C.), e estabeleceu centros comerciais da realeza em Damasco para que fizesse negócios com Israel (1Rs 20:34); portanto, esse aliado deve ter sido Acabe, de Israel (874-853a.C.).
A inscrição parece ser um relato propagandístico da reação militar de Aram-Damasco sob o governo de Hazael, quando Israel tentou invadir Haurã. Os sírios mataram Jorão, de Israel, e Acazias, de Judá, na batalha de Ramote-Gileade (842-841 a.C.). A passagem também menciona a ascensão de Jeú ao trono de Israel (841 a.C.) e a ruptura com Aram. Hazael, que a Bíblia descreve como inimigo brutal de Israel, conquistou a cidade de Dã em cumprimento da advertência profética de que o Senhor destruiria Israel (2Rs 10:32). O rei sírio ergueu a Estela de Tel Dã (cerca de 835/830 a.C.) para justificar suas ações.
Porém, talvez a parte mais significativa da inscrição seja a referência à “Casa de Davi”. Alguns estudiosos argumentaram que Davi e seu reino nunca existiram. Embora alguns tenham contestado a tradução “Casa de Davi”, as evidências e o crescente consenso acadêmico a apoiam. A conclusão óbvia é que, se existiu uma “Casa de Davi”, ela deve ter tido um fundador com esse nome, alguém de quem ainda se lembrariam muitos anos depois e que teria uma dinastia com seu nome. Será que uma grande potência política como Aram/Damasco teria erigido um monumento para comemorar a vitória de um inimigo mítico? Claramente, quem erigiu a estela considerava a “Casa de Davi” um inimigo importante — e o fato de até os adversários de Israel reconhecerem sua existência faz desse testemunho em pedra uma evidência que atravessa os séculos, confirmando que o reino deixou marcas que ninguém pôde apagar.
About this Plan

Dizem que as pedras não falam... mas as pedras da história estão falando. A arqueologia não compete com a fé. Ela a confirma, a enriquece... e a fortalece. Neste plano de leitura, você vai descobrir como os achados arqueológicos dão vida às histórias da Bíblia. Vai percorrer culturas, civilizações e tradições que cercaram Israel e, ao mesmo tempo, conectar sua fé com evidências reais que resistiram ao passar dos séculos.
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