As pedras falarão: Descobertas arqueológicas para solidificar nossa féSample

A Pedra Moabita
Em 1868, quando F. A. Klein, um missionário médico anglicano, visitou um acampamento beduíno perto do sítio da antiga cidade moabita de Dibom, ele descobriu, nas ruínas adjacentes, uma grande pedra (estela) de basalto negro com inscrições. Klein analisou e transcreveu algumas das letras. Fez, então, um esboço malfeito da pedra. Depois disso, concordou em comprá-la do beduíno e voltou a Jerusalém para relatar a descoberta ao cônsul prussiano. A notícia da descoberta sensacional se espalhou, inevitavelmente, entre a comunidade diplomática de Jerusalém. Como resultado, representantes franceses e prussianos, bem como autoridades turcas, tentaram copiar ou comprar a estela várias vezes.
Por razões ainda incertas, o beduíno de Dibom aqueceu a estela no fogo, quebrou-a em vários pedaços e distribuiu os fragmentos entre várias famílias. Um jovem estudioso francês, Charles Clermont-Ganneau, recuperou o maior número possível de pedaços quebrados e os comprou. Por fim, coletou cerca de dois terços da estela original e, com a ajuda de um molde de papel muito danificado, que um colega árabe fez de maneira apressada, reconstituiu quase toda a inscrição.
Uma vez que traduziram o texto, ele revelou que a estela era um monumento real moabita do 9º século a.C., que comemorava as vitórias militares contra Israel e Judá após um período de 40 anos de subjugação. Além disso, era um meio de se vangloriar de vários projetos de construção que o rei Messa, um governante moabita que o Antigo Testamento menciona, realizou. A revolta em si provavelmente ocorreu entre 853 e 848 a.C., datando a estela de alguns anos, senão décadas, depois. A inscrição sobre Messa indica que a rebelião ocorreu depois de 40 anos de vassalagem de Moabe. Durante esse tempo, a dinastia de Onri, de Israel, controlava e fortificava o norte de Moabe, especificamente as planícies de Madaba e o planalto de Dibom. Messa descreve a conquista de 100 cidades que a tribo israelita de Gade ocupava, inclusive Dibom, Atarote e Nebo, cuja população ele aniquilou ou escravizou, e cujos objetos religiosos que dedicavam a YHWH apreendeu. Então, reconstruiu cidades e vilas, e construiu novas estradas e reservatórios com a ajuda de prisioneiros israelitas. Contudo, o Antigo Testamento não menciona detalhes da revolta de Messa ou projetos de construção (2Rs 3:4-5). Em vez disso, a Bíblia apenas relata que Israel, junto com Judá e Edom, lançou uma grande campanha militar de retaliação contra Moabe e devastou a maior parte do reino, mas se retirou antes de conquistar a capital, Quir-Haresete. Por sua vez, mais tarde, Moabe, Amom e os meunitas (uma tribo beduína) lançaram uma campanha contra Judá, que falhou quando os três exércitos se voltaram uns contra os outros (2Cr 20:1-30).
Portanto, a inscrição de Messa fornece um exemplo esplêndido de um monumento antigo que confirma e expande as informações que a Bíblia relata. Ela complementa o Antigo Testamento, mas de uma perspectiva moabita (e, portanto, hostil).
A estela, que atualmente está em exibição no Museu do Louvre, em Paris, deu aos estudiosos uma amostra excelente da língua moabita, que apresenta semelhanças com o hebraico. Sem dúvida, israelitas e moabitas conversavam e se entendiam facilmente quando falavam em seus respectivos dialetos. Escavações arqueológicas subsequentes em Dibom e em outros locais que a estela menciona continuam a obter dados sobre a guerra do 9º século a.C. entre Moabe e Israel, particularmente as escavações em Nebo, Jahaz, Bezer e Atarote, onde recentemente surgiu um templo dessa época.
Após um estudo cuidadoso da estela, André Lemaire, um estudioso da Bíblia, resgatou o título “Casa de Davi” na linha 31, que Messa usou como um nome alternativo para o reino de Judá. Além disso, um texto tão longo, que escreveram em uma língua semítica ocidental relacionada ao hebraico, oferece aos estudiosos a oportunidade de definir os termos hebraicos com mais precisão, lendo-os em outro contexto. Assim como reis e nações ergueram pedras para registrar seus feitos, nós podemos confiar que a Palavra de Deus permanece como o testemunho eterno e fiel daquilo que Ele realizou por Seu povo.
About this Plan

Dizem que as pedras não falam... mas as pedras da história estão falando. A arqueologia não compete com a fé. Ela a confirma, a enriquece... e a fortalece. Neste plano de leitura, você vai descobrir como os achados arqueológicos dão vida às histórias da Bíblia. Vai percorrer culturas, civilizações e tradições que cercaram Israel e, ao mesmo tempo, conectar sua fé com evidências reais que resistiram ao passar dos séculos.
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