As pedras falarão: Descobertas arqueológicas para solidificar nossa féSample

Ecos do Dilúvio entre nações
As narrativas antigas de um dilúvio mundial eram comuns em uma ampla variedade de culturas (por exemplo, Mesopotâmia, Egito, Grécia e Roma). Essas histórias extrabíblicas se assemelham, em alguns aspectos, ao relato bíblico do dilúvio de Gênesis 6–9. Três histórias da Mesopotâmia ficaram famosas por causa de seus paralelos com temas do dilúvio bíblico:
- O Gênesis de Eridu (c. 1600 a.C.), encontrado em Nipur em 1914, preserva o mais antigo registro extrabíblico. Nele, os deuses decidem destruir a humanidade sem explicação clara. O deus Enki, porém, revela o plano a Ziusudra, um rei piedoso, e o orienta a construir um barco. Fragmentos descrevem ventos violentos e águas cobrindo a terra, mas Ziusudra sobrevive e, após o dilúvio, oferece sacrifícios, recebendo a imortalidade como recompensa.
- A Epopeia de Atracásis (c. 1600 a.C. encontrada em 1956), registrada em tabletes acadianos, narra que os humanos perturbavam os deuses com seu barulho. Enlil, irritado, tenta destruí-los por meio de pragas e fome, mas é frustrado pela intervenção de Enki. Por fim, decide enviar um dilúvio. Enki novamente quebra o silêncio e orienta Atracásis a construir um grande barco. Após sete dias e sete noites de águas avassaladoras, apenas ele, sua família e animais sobreviveram. Ao sair, Atracásis oferece sacrifícios, aplacando os deuses.
- A Epopeia de Gilgamés (com raízes anteriores a 2000 a.C., versão neoassíria entre os séculos 8–7 a.C., descoberta em 1872) é a obra-prima literária do antigo Oriente. O herói na epopeia é Gilgamés, um rei poderoso de Uruque. Aflito pela morte de seu amigo Enquidu, ele parte em uma série de jornadas em busca da imortalidade. Assim, ele busca respostas e procura seu antepassado Utnapistim, que tinha recebido a vida eterna, mas Utnapistim aconselha Gilgamés a abandonar sua busca pela vida eterna. Nessa mesma narrativa, na parte que conta sobre o dilúvio, Enki encarregou Utnapistim de construir um navio colossal chamado de “Preservador da Vida” e salva sua família, artesãos, animais e suprimentos. Após doze dias no mar, o barco repousa. Ele envia uma pomba e uma andorinha, que retornam, e depois um corvo, que não volta — sinal de terra firme. Então liberta os animais e oferece sacrifícios, sendo recompensado com a imortalidade.
No Egito, também aparecem ecos de narrativas de destruição por enchentes, como no Livro dos Mortos ou no Mito da Vaca Celestial, onde o deus Atum decide destruir a humanidade rebelde. Contudo, esses relatos têm poucas semelhanças com Gênesis ou com os mitos mesopotâmicos.
Essas histórias mostram como várias culturas tentaram explicar catástrofes antigas e a busca pela sobrevivência. Mas é ao confrontá-las com o relato bíblico que percebemos sua singularidade e profundidade teológica.
- Primeiro, é que a história bíblica é monoteísta e descreve as ações de um único Deus, o Criador, enquanto os relatos mitológicos são politeístas, mencionando vários deuses.
- Segundo, na história bíblica, a motivação para o dilúvio tem relação com a maldade das pessoas que destruíam violentamente tudo de bom, belo e relevante. Apesar de eles serem a razão da destruição, Deus, em Sua misericórdia, intervém para preservar a vida (Gn 6:11-13). Na história mesopotâmica de Atracásis, os deuses dão somente um motivo aleatório para o dilúvio; eles estavam incomodados com os humanos barulhentos, então decidiram destruí-los.
- Terceiro, as histórias extrabíblicas não apresentam a mesma sequência de acontecimentos como a narrativa bíblica, ou seja, Criação, Queda, Dilúvio e Recriação. Enquanto a Epopeia de Atracásis contém três partes sequenciais amplas (a criação, a multiplicação da humanidade e o dilúvio), ela não menciona nada sobre a queda da humanidade no pecado, um dos elementos principais no relato de Gênesis.
- Quarto, a duração da chuva e a duração do dilúvio não coincidem.
- Quinto, as narrativas mitológicas mostram divindades que se iravam e que, portanto, precisavam ser apaziguadas. A história bíblica mostra um Deus amoroso e preocupado que sente profunda dor em Seu coração quando é forçado a destruir os agentes de destruição (Gn 6:5-6; cf. Ap 11:18).
- Sexto, a oferta de sacrifícios de Noé demonstra como se aproximar do Deus Santo e aponta para o sacrifício máximo de Jesus Cristo que remove nosso pecado, culpa e vergonha. Os relatos extrabíblicos descrevem os sacrifícios como manjares que buscam aplacar a ira dos deuses. Os deuses precisam de comida para seu sustento, mas na Bíblia é Deus quem provê a comida.
- Sétimo, os relatos extrabíblicos não fazem referência ao concerto que Deus fez com a humanidade, enquanto a história bíblica chega ao ápice com o conceito dessa aliança. O arco-íris é um sinal de Sua misericórdia e fidelidade. O dilúvio é uma anulação da Criação e um novo começo com a recriação.
- Oitavo, os deuses mesopotâmicos tentaram esconder o iminente dilúvio para garantir a destruição da humanidade; na Bíblia, o Próprio Deus assegura o livramento e a salvação da humanidade com a cooperação de Noé.
- Nono, Deus preservou o cumprimento da sua promessa feita em Gênesis 3:15 de que a Semente Prometida, o Messias, viria de uma mulher consagrada. Se Deus não interviesse, a maldade teria dominado até mesmo a última família fiel e o Salvador do mundo não poderia ter nascido.
About this Plan

Dizem que as pedras não falam... mas as pedras da história estão falando. A arqueologia não compete com a fé. Ela a confirma, a enriquece... e a fortalece. Neste plano de leitura, você vai descobrir como os achados arqueológicos dão vida às histórias da Bíblia. Vai percorrer culturas, civilizações e tradições que cercaram Israel e, ao mesmo tempo, conectar sua fé com evidências reais que resistiram ao passar dos séculos.
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