Lavem os pés uns dos outros

Foi uma semana de retiro na igreja que vai entrar para a história.

O que mais se destaca na minha memória não é uma mensagem bíblica, a comida ou qualquer uma das atividades, mas a enfermeira. Nós, basicamente, nos tornamos melhores amigas naquela semana.

No meu primeiro dia de retiro, enquanto eu apenas caminhava, — caminhava! — tropecei, caí e torci feio o tornozelo e quase desmaiei de dor. (Sem dúvida, aquele não foi o meu melhor dia.) Alguns dos conselheiros me ajudaram a chegar a um lugar mais nivelado e depois à enfermaria. Obviamente, ficar de tornozelo enfaixado e não poder jogar foi difícil, mas não foi o pior.

Naquela noite, tive a minha primeiríssima crise de asma. Chiado, tosse, respiração ofegante. Foi terrível! A mesma enfermeira que enfaixou o meu tornozelo ficou acordada até tarde comigo todas as noites daquela semana, enquanto tive crises recorrentes de asma.

Não me lembro do nome nem mesmo do rosto dela, mas me lembro da sua presença e do seu cuidado. Ainda que aquelas noites pudessem ser lembradas como um pesadelo e ainda que, às vezes, o incidente do tornozelo volte para me atormentar como uma piada na família (“Uhum, a gente sabe que andar é difícil para você...”), as minhas lembranças daquela semana são o oposto de terríveis.

As minhas lembranças são as de uma mulher que estava disposta a servir ao "caos em forma de pessoa" que estava à sua frente. São lembranças de serviço por meio do toque.

Mãos envolvendo meu tornozelo.

Mãos que me apoiaram numa crise de tosse.

Mãos que me seguraram e me ajudaram a andar.

Lembro-me disso e oro: “Toma, Deus, as minhas mãos, / Move-as com Teu amor".[1]

É exatamente isso que significa o mandamento de Jesus para “lavar os pés uns dos outros”. É deixar que o amor e o cuidado de Deus por você se transformem em amor e cuidado pelos outros.

É fazer humildemente os trabalhos que ninguém mais quer fazer, mas, também, é simplesmente encarnar o Seu amor.

É segurar a mão de uma criança pequena. É ajudar a limpar a bagunça de uma pessoa doente. É oferecer um ombro no qual alguém possa chorar. É ver garotos adolescentes brincando de "lutinha" no chão e uma mãe amamentando, carinhosamente, seu recém-nascido. Abraços protetores, um tapinha nas costas, uma mão para ajudar alguém a se levantar e, sim, até mesmo lavar os pés de alguém como um ato de amor — tudo isso pode ser uma representação física do amor que o próprio Cristo tem por nós.

Como Deus encarnado, Ele tocou. Ele lavou. Ele colocou Suas mãos sobre os doentes.

“Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz.” (João 13.15)

Hoje, use suas mãos para fazer o que está à sua frente. Limpe as lágrimas e a sujeira, entregue um lenço de papel a alguém ou ajude a moça desastrada a chegar à enfermaria.

Quando nossas mãos se movem com amor, podemos ser as mãos dele num mundo que precisa desesperadamente desse toque. Então, vamos “lavar os pés”, conforme Ele nos guiar. E, talvez, criemos lembranças do amor dele pelos outros.

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[1] Versos extraídos do hino “Toma minha vida, Deus” traduzido de “Take My Life and Let it Be” composto por Frances Ridley Havergal.

REFLITA

O que as suas mãos estão dispostas a fazer por amor? Quais são as necessidades que estão bem à sua frente todos os dias? Como você pode ser as “mãos de Jesus” hoje?

ORE

Lembre-se de uma ocasião em que alguém serviu você por meio do toque. Fale com Deus sobre essa lembrança e agradeça a Ele por essa pessoa.

CONFIE

Se você fizer o bem com as mãos por temor ao Senhor e por amor aos outros, Ele vai cuidar de você e guiá-la no caminho da Sua bondade.

Como é feliz quem teme ao Senhor, quem anda em seus caminhos! Você comerá do fruto do seu trabalho, e será feliz e próspero. ~ Salmo 128.1-2

PRATIQUE

Procure atentamente o bom trabalho que as suas mãos podem fazer hoje — especialmente, formas de servir por meio de um toque apropriado e gentil.