Como Amar as PessoasSample

Em Lucas 8.40-56 vemos dois milagres que já lemos tantas vezes e, por muitas delas, não nos atentamos ao que de fato é importante. O milagre é maravilhoso, mas o que está por trás do milagre é grandioso. Por onde Jesus passa, algo novo acontece. Pessoas eram curadas, multidões queriam ouvi-lo, vidas eram transformadas. Lucas narra esses dois fatos já destacando o status de cada um: um era chefe da sinagoga, e a outra, uma mulher doente com uma hemorragia.

Jairo era importante, e ele chegou primeiro até Jesus. E Jesus o ouviu. Isso me trouxe uma lição: será que o fato de ele ser importante, bem vestido, com um título admirável, fez com que fosse prontamente ouvido? Nós, seres humanos, somos assim. Muitas vezes, interesseiros. Gostamos de estar com pessoas inteligentes, ricas, bonitas. Priorizamos coisas, títulos, ao invez de gente. É assim que a maioria vive e se comporta diante de situações como essa. As pessoas facilitam a vida de quem é importante. Eles conseguem os melhores lugares, têm acesso aos melhores investimentos, recebem as melhores propostas, e ainda ganham presentes.

Mas a mulher do fluxo de sangue... nem o nome dela sabemos. Ela não tinha nada. A Bíblia diz que havia gastado tudo o que possuía. Não tinha dinheiro, nem saúde. Era considerada impura. Não podia ser tocada, nem tocar em ninguém ou em nada. Durante doze anos, viveu sem um toque. Isso me entristece, porque a minha linguagem de amor é o toque, e fico imaginando se essa também era a linguagem dela. Com certeza, ela desenvolveu uma tristeza interior profunda: sem convivência, sem abraços, sem carinho.

Mas ela tinha coragem e fé, e isso foi suficiente para levantá-la naquele dia que mudaria a sua história. Ela foi por trás porque não podia ir pela frente. Não podia olhar, nem tocar. Mas por trás, chegou de mansinho e tocou a orla das vestes de Cristo Jesus. Pensou: “Se eu apenas tocar a orla das suas vestes, eu serei curada.”

A Bíblia diz que havia uma multidão apertando Jesus. Então, acredito que ela teve que se esbarrar nas pessoas até conseguir chegar nEle. Ela deixou para trás a crença da impureza para se tornar pura em Cristo. Devia estar anêmica, fraca, muito magra — eu imagino isso —, mas conseguiu chegar onde queria, onde sua fé a levou: perto de Jesus. Não era sua intenção ser notada, mas ali ela tocou nas vestes Dele, foi imediatamente curada e teve que se conter. Não gritou, não celebrou. Ela ainda se via impura, não podia chamar a atenção da multidão. Mas chamou a atenção do Mestre, que parou e perguntou: “Quem me tocou?”

Acho cômico o papel de Pedro... “Claro que alguém te tocou, a multidão te aperta!” Pedro via a multidão. Jesus vê cada um individualmente. Maria, João, Leonor... cada um é único. Por isso existe um lugar em Jesus que só você pode tocar.

Ela chegou, rompeu o medo, a vergonha, a culpa, e disse: “Fui eu, Senhor. Eu toquei no seu manto.” É maravilhoso ver o amor de Jesus, porque Ele parou tudo. A multidão. Deixou Jairo esperando e voltou os olhos para ela, para chamá-la de filha. O amor Dele não vem por causa do que eu tenho, mas por causa de quem eu sou para Ele. Quando Ele a chama de filha, faz com que ela se sinta amada, herdeira de um Pai que tem muito a oferecer.