Como Amar as PessoasSample

No ano de 1998, comecei a andar com o comitê de ação social da Convenção Batista Mineira, quando ainda era seminarista. Um certo dia, a presidente do comitê me falou: "Venha amanhã de blusa de malha, calça, tênis. Seja prática e bem simples, porque iremos andar bastante na visita que faremos."
Eu perguntei: "Onde iremos?"
Mas ela não revelou. Apenas reafirmou: "Amanhã te espero cedo."

Tudo bem, fiquei curiosa, mas logo passou. No outro dia, lá estava eu, pronta e ansiosa para ir logo. Imaginei que íamos conhecer algum lugar especial. Foi uma viagem agradável: cantamos, rimos, e as conversas eram as melhores possíveis.
"Que passeio agradável!", pensei.
"Já saímos da cidade, devemos estar indo para algum lugar fazer uma caminhada de oração. Que maravilha!"

Mas, de repente, percebi a van saindo da pista e entrando numa estrada feia, de terra, que fedia muito. Eu mal podia respirar. Chegamos, então, ao destino final: um lixão.

Nunca tinha visto nada igual. Nunca vi tanto lixo junto, tanto mau cheiro e tantas moscas perturbando. Mal dava para abrir a boca, pois poderia engolir uma, de tantas que havia ali.

Fomos andando e andando... Depois de subir uma montanha de lixo, avistamos os barracos das famílias que moravam ali. Pessoas como eu e você, crianças como os nossos filhos, gente como a gente vivia ali.
Eu perdi o chão. Fiquei segurando o choro. Fiquei extremamente comovida e enjoada com o cheiro do lugar. Vi crianças agachadas, perto dos abutres, comendo um pedaço de pizza retirado do lixo. Eu já estava ofegante, sem conseguir conter o choro, quando a presidente me olhou e disse:

"Não chore. Haja normalmente, porque aqui é o lar deles. Vá, abrace, sorria, cante... Faça qualquer coisa, mas não chore."

Até hoje, essas imagens permanecem vivas em minhas lembranças. A sensação de impotência era enorme. Eu queria resolver aquela situação, mas não podia. Falamos do amor de Deus e eu fiquei pensando:
A gente não trouxe nada para eles... Como vão acreditar no amor de Deus assim?

Logo chegou a outra equipe, que havia ficado para trás, trazendo roupas, comida, remédios, material de higiene pessoal. Oramos com eles e, depois de algumas horas, retornamos. Eu não conseguia dizer uma palavra. Fiquei entristecida. Sentia uma mistura de indignação, nojo e compaixão.
Por que Deus não resolvia aquela situação?
Por que deixava aquelas pessoas viverem daquela forma e não fazia nada?

Entre tantos questionamentos com o Pai, entendi que Ele usa pessoas para realizar a Sua obra. E, naquele momento, Ele nos usou para ajudar um pouco e falar do Seu amor. O pouco que fizemos deixou aquela comunidade do lixão feliz e grata por tudo.

Deus move corações e usa pessoas para reverter histórias ruins em histórias boas. Anos mais tarde, essa comunidade foi retirada daquele lugar sujo e colocada em um lugar digno.
Deus move governos, empresários, entidades, porque Ele usa pessoas para demonstrar o Seu amor e realizar a Sua vontade em amor.

“Lembrem-se dos que estão na prisão, como se aprisionados com eles; dos que estão sendo maltratados, como se vocês mesmos estivessem sendo maltratados.”
(Hebreus 13.3 - NVI)

“Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência.”
(Colossenses 3.12 - NVI)