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No Frio da Solidão: Paulo e a Capa Esquecida

Paulo está nos seus últimos dias. Não há multidões, nem cartas sendo escritas às igrejas — apenas frio, solidão e o silêncio de uma cela romana. O apóstolo que enfrentou tempestades, prisões e perseguições agora pede uma capa, um manto deixado para trás, algo que parece pequeno… mas que revela muito.

Naquele pedido, há um retrato do homem de Deus em sua humanidade: ele sente frio, ele sente falta, ele precisa de cuidado. Paulo não pede ouro, não pede para ser libertado, não exige que orem por ele — ele só quer a capa. Uma veste que aquece o corpo, que alivia a frieza da parede úmida da prisão, que consola em silêncio.

Quantas vezes espiritualizamos tanto a fé que esquecemos que até os maiores homens de Deus precisam de coisas simples? Às vezes, a espiritualidade verdadeira se manifesta na humildade de pedir: “me traga aquilo que me protege”.

Mais do que proteção contra o frio físico, essa capa representa a urgência de não morrer sozinho, não morrer desassistido. Paulo sabia que havia um manto maior sobre sua vida, o da salvação, mas ele também reconhecia que, neste mundo, é preciso aquecer o corpo enquanto se espera o céu.

Talvez hoje você esteja como Paulo: sentindo o frio da ausência, o silêncio das respostas que não vieram, o peso da missão que cansou. Talvez você também precise pedir ajuda. Talvez precise lembrar de algo que ficou em Trôade, algo que você deixou para trás no caminho — uma prática, uma oração, um tempo com Deus.

Traga a capa.
Não morra de frio tentando parecer forte.
Deus aquece até os seus apóstolos nos dias de inverno.