O PoderSample

O Poder para Morrer

O texto supracitado é muito conhecido. Deus declara, de forma muito clara, que os discípulos “receberiam poder quando o Espírito Santo descesse sobre eles” (At 1.8). Já podemos, antes de tudo, afirmar que o Espírito Santo, ao contrário do que pensam muitas seitas e heresias, não é o poder de Deus. O Espírito Santo é uma Pessoa da Santíssima Trindade, portanto, em igualdade com o Criador (Pai) e o Redentor (Filho). Joel Beeke, em sua Teologia Sistemática, diz: “Enquanto o Pai envia o Filho, este, por sua vez, realiza nossa adoção e redenção, e o Espírito Santo aplica essas obras na vida do homem. Jesus cumpre sua missão no poder do Espírito.” Cientes dessa afirmação, agora nos resta saber qual é o propósito de recebermos esse poder.

Em primeiro lugar, recebemos poder para testemunhar: "serão minhas testemunhas" (At 1.8). Não sei se você ficou curioso com o tema deste sermão, mas ele é fruto da palavra original em grego que foi usada e traduzida por “testemunhas”. A palavra é literalmente martus ou martyrion, que significa 'alguém disposto a morrer por uma verdade que presenciou'. Já ouvi certa vez que “alguém que não tem um propósito para morrer, não tem um propósito para viver”. São inúmeros os relatos em toda a história da Igreja em que pessoas que professavam sua fé em Cristo foram levadas à morte com sorrisos em seus rostos, literalmente falando. Homens e mulheres que, com intrepidez, enfrentaram os mais cruéis tribunais e julgamentos, os mais sanguinolentos carrascos e, mesmo assim, não negaram sua fé. Preferiram morrer a negar aquilo que haviam visto e crido. Que Deus nos dê desse poder.

Em segundo lugar, recebemos poder para ir a todas as nações:“tanto em Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da Terra” (At 1.8). Para um judeu, isso era bastante complicado. Um povo tão exclusivista tinha sérias dificuldades em entender que Jesus também poderia ser anunciado aos chamados ‘gentios’. Porém, esse poder nos capacita a romper as barreiras de preconceito que temos. O Santo Evangelho são as Boas Novas de Salvação para toda a humanidade. Claro que, do ponto de vista reformado, entendemos a expiação limitada neste assunto, sabendo que Jesus não morreu por todos, mas sim apenas pelos Seus Eleitos. Mas, como não sabemos quem são esses de fato, precisamos continuar pregando a cada criatura. Deus chamará irresistivelmente os que são Seus. Que Deus nos dê desse poder.

Em terceiro lugar, recebemos poder para ir ao mesmo tempo (“tanto em ...”). Você já ouviu alguém dizer que você precisa começar a evangelizar sua casa, depois seu vizinho, depois seu bairro, depois sua cidade, seu estado, seu país e só depois disso começar a pensar no resto do mundo? Se fôssemos agir assim, quando chegaríamos lá? Em uns 300 milhões de anos? Perdoem minha hipérbole, mas esse não é o entendimento do texto. O que encontramos claramente no versículo é “tanto em”, ou o que poderia ser também traduzido por “paralelamente” ou “simultaneamente”. Ou seja, enquanto alguém prega aqui, ao mesmo tempo deve haver alguém pregando nos confins da Terra. Essa ideia de começar aqui e terminar lá não tem amparo bíblico. Se assim fosse, quando Paulo e os demais discípulos alcançariam o mundo antigo com a Palavra? Eles, porém, entenderam que deveriam agir ao mesmo tempo, em todos os lugares do mundo, anunciando o Cristo ressuscitado. Então, enquanto uns não foram chamados para ir além de suas ruas, há outros que foram chamados para atravessar os oceanos, e precisamos dar apoio a ambos os missionários. Que Deus nos dê desse poder.

Concluímos este breve devocional conscientes da grande responsabilidade que pesa sobre nossos ombros, mas aceitamos o desafio porque não cumpriremos esta missão com nossa força, mas no poder do alto derramado sobre nós pelo Bendito Espírito Santo. Amém, amém e amém.

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Questões para edificação:

1.Qual o propósito de recebermos o poder?

2.Você busca em Deus poder do alto? Reflita.

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Pr. Arieuston Gomes Araújo Netto, pastor auxiliar na Igreja Presbiteriana de Manaus.