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Eu Creio - Oração de Habacuque

Neste texto, nos aproximamos do livro de Habacuque (seu nome significa "abraço"), que, apesar de ter sido escrito há 2.500 anos, parece ter profetizado com base no que lemos no jornal desta manhã. Ele profetizou no reino do Sul, em Judá. Quando Habacuque estava profetizando, o reino do Norte já havia sido levado ao cativeiro pela Assíria (722 a.C.). Agora, o juízo de Deus se aproximava de Jerusalém por meio da grande Babilônia, mas o rei e seu povo continuavam acreditando que poderiam se livrar da ira de Deus sem arrependimento. Ledo engano. O reino seria invadido em 586 a.C., e a tão afamada cidade dourada veria seus tesouros e nobres moradores serem levados em várias deportações.

Mas isso não muda a importância intercessória de Habacuque. Mesmo sabendo a respeito da ira divina que estava para ser derramada — a qual o profeta provavelmente foi testemunha ocular — ele não deixa de se colocar diante de Deus e clamar por socorro. Os capítulos 1 e 2 revelam a oração de Habacuque pelo seu povo, em seguida a resposta de Deus e, curiosamente, trazem uma tréplica do profeta. Era como se Deus respondesse, não aquilo que Habacuque queria, e ele resolvesse ainda continuar a conversa com Deus, tentando entender a forma como Deus estava guiando a situação. Já vimos isso em outras ocasiões, inclusive com Abraão na conhecida passagem da intercessão pelos justos de Sodoma e Gomorra (Gn 18). Ao final do capítulo 2, Deus mostra para Habacuque que, mesmo usando a Babilônia para castigar Judá, Ele não deixaria aquela nação impune e a retribuiria por toda a sua maldade — os conhecidos “Ais” de Habacuque.

O livro termina com uma canção do profeta, onde ele declara a sua confiança em Deus. “Aconteça o que acontecer, EU CREIO”. Esta é a síntese final de Habacuque para cada um de nós.

Diante de tanta riqueza, quais as lições que podemos extrair para nós no início deste ano?

Em primeiro lugar, saiba que não é pecado abrir seu coração diante de Deus em oração e contar a Ele seus dilemas (Hb 1.2-4, 13-17). A oração não é um discurso milimetricamente preparado, com suas sintaxes e suas declinações verbais. A oração é o derramar do coração diante de Deus, o rasgar das vestes, o grito da alma e a lágrima incontida. Como nossos lábios podem dizer algo que não reflita o que está em nosso coração? Lembra do pessoal que “honrava o Senhor com os lábios, porém o coração estava distante de Deus” (Mt 15.8)? Não é essa a oração que Deus irá ouvir. Mesmo que pareça um pouco desaforada, sua oração deve ser verdadeira, real, significativa. Chega de ensaios, cenografia e cortinas escondendo o santo dos santos. Rasque tudo, fale com Deus e Ele te ouvirá.

Em segundo lugar, saiba que a resposta de Deus, mesmo diante de sua ideia de justiça, pode ser aquilo que você não espera (Hb 1.5-6). Mas como Deus poderia usar uma nação tão ímpia para exercer seu juízo? Pois é, há situações que Deus faz que realmente não entendemos, e não entenderemos — pelo menos não aqui na Terra (Jo 13.7). Isso normalmente nos trará inquietação, perturbação e questionamentos. Lembre-se que és humano. Porém, nunca se volte contra o Altíssimo e creia que Ele sabe o que está fazendo.

Em terceiro e último lugar, saiba que seu coração deve se encher de fé e confiança em Deus (Hb 3.2, 16-19). O Senhor é grande e terrível. Ele está sobre todos e tem o controle de tudo em Suas mãos. Aquiete seu coração, como disse Habacuque no verso 16 “vou esperar tranquilo” (versão NTLH). Quando sua alma se inquietar pelos vales da vida, permita que haja um cântico em seus lábios (Hb 3.17-19) e, neste cântico, declare sua fé em Deus dizendo bem forte e com todas as suas forças: eu creio.

Amém.

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Questões para edificação:

1. No contexto do livro de Habacuque, por que a ira divina estava para vir sobre Jerusalém?

2. Por que o Senhor não atendeu à oração de Habacuque para livrar Seu povo?

3. Diante de uma resposta de Deus contrária a nossa oração, qual deve ser nossa postura?

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Arieuston Gomes de Araújo Netto, pastor auxiliar na Igreja Presbiteriana de Manaus.