Reconstruindo o Lar: um Estudo em NeemiasSample

Como você pode transformar sua raiva em ação? Se a Bíblia fosse escrita pelas mesmas pessoas que escrevem os contos de fadas de hoje em dia, o capítulo 12 seria concluído simplesmente com “e viveram felizes para sempre…” Felizmente, a Bíblia é um olhar honesto sobre a natureza humana, história humana e a inconstância humana. A Bíblia é o livro mais verdadeiro e dolorosamente honesto já escrito, e o capítulo final de Neemias é trágico. Deus traz um avivamento real e as pessoas retornam à ruína. O relato da apostasia é apresentado em três figuras, cada uma concluída com uma oração pessoal de Neemias (13:14, 13:22, 13:31). Depois de todo o trabalho para reconstruir a muralha, renovar a cidade de Jerusalém e voltar para a adoração a Deus, o povo voltou para o mesmo comportamento pecaminoso que causou os 141 anos de disciplina em primeiro lugar. Neemias havia servido como governador em Jerusalém por 12 anos (5:14), e então voltou para a capital, Susã, que havia sido sua casa. Provavelmente, ele sentiu que seu trabalho em Jerusalém havia sido concluído com sucesso e que os líderes e as políticas que ele havia deixado garantiriam a continuidade da adoração a Deus e evangelização do mundo a partir daquela cidade. Infelizmente, depois de alguns anos (possivelmente entre um e sete), ele precisou voltar a Jerusalém para proteger tudo que havia levado 12 anos de sua vida para construir. É importante mencionar que Neemias estava “muito irritado” nessa parte (13:8). Sua raiva é justa porque as pessoas estão negando a Deus e destruindo a si mesmas. Êxodo 34:6 diz que Deus é “tardio em irar-se”, mas Ele fica irritado, mesmo assim. Até Jesus ficou irritado em mais de uma ocasião, e como portadores da imagem de Deus, nós também vamos experimentar a ira justa diante do pecado, do mal e da injustiça. A ira justa deve nos fazer lutar pela santidade, bondade e justiça de maneiras que honrem a Deus e obedeçam a lei. De fato, sem a ira, ficamos com uma fé sem paixão, insensível, desmotivada e que nos impede de ser agentes de mudança em um mundo caído e prestes a morrer. Neste ponto da história, Neemias está com cerca de cinquenta ou sessenta anos. Ao invés de se aposentar, Neemias está determinado a terminar sua vida em atividade, trabalhando para seu Rei e para o Reino. O capítulo final de Neemias são páginas de anotações pessoais dele, destacando suas ações e sentimentos, com o uso frequente da palavra “eu”, que vale a pena mencionar. Essa parte brutalmente honesta de Neemias nos revela um processo que aconteceu na vida de muitas pessoas de Deus, ameaçando destruir seus ministérios e suas cidades. Esse processo, que é constantemente tentador, é assim: 1. Em nome da educação ou do ganho próprio, o povo de Deus cria amizades com aqueles que não se importam com Deus e, ao invés de converterem seus amigos ao Salvador, eles se convertem ao pecado (para mais sobre isso, veja 6:17-19 onde o ímpio Tobias, que era contra Neemias e ameaçou sua vida, se casou com uma mulher de uma família proeminente e acabou morando na casa do Deus que ele desprezava e ao qual se opunha). De forma simples, a tolerância supera a verdade como prioridade. 2. Amizades e sociedades fora do ministério se tornam mais importantes do que Deus. Com o tempo, aqueles que não conhecem a Deus recebem destaque entre o Seu povo, de modo que Deus é desonrado por líderes espirituais ímpios. 3. O zelo e a paixão por Deus invariavelmente diminuem entre o povo de Deus, à medida que a acomodação de líderes espirituais ímpios resulta em espiritualidade ímpia, mesmo entre os professos adoradores de Deus. De maneira simples, a distinção entre cristãos e não-cristãos é confusa, começando pelos líderes ministeriais. Assim como Jesus, muitos anos depois no Templo, Neemias fica irritado (13:8), age e ora a Deus por justiça enquanto o povo o tratava como vilão. Neemias ficou irritado porque o Sábado foi violado e a adoração a Deus foi negligenciada. Ao invés de tirar um dia de folga do trabalho para adorar a Deus e descansar com suas famílias e amigos, as pessoas continuavam trabalhando para ganharem mais dinheiro. Neemias tentou acabar com esse pecado fechando os portões da cidade para que o comércio tivesse que parar. Ao invés de obedecer a Deus e tirar o dia para descansar, os comerciantes simplesmente fizeram fila do lado de fora da cidade e esperaram os portões abrirem, assim como acontece nas lojas quando há um lançamento de produto ou nos cinemas quando um filme estreia. Tragicamente, as pessoas amavam tanto seu dinheiro e trabalho que escolheram desperdiçar um dia inteiro para conseguir um bom lugar na fila ao invés de voltarem para casa, adorar a Deus e aproveitar o Sábado com suas família e amigos. Neemias ficou irritado porque os cristãos estavam se casando com ímpios de forma que não haveria um legado santo para as próximas gerações. O fardo dessa responsabilidade caiu sobre os patriarcas cristãos, que merecem a ira de Neemias mais intensamente, pois falharam, como líderes da aliança, em guiar suas famílias em amor e nos propósitos de Deus. Neemias também se irou porque os homens de Deus não ensinavam aos seus filhos a língua bíblica, hebraico, ou seja, as crianças não tinham entendimento de Deus ou da Escritura e foram criados pelo mundo e não pela Palavra. Neemias transformou sua ira em ação, responsabilizando os homens por sua liderança falha. Ele também removeu líderes de ministério incapazes que não ensinavam a Bíblia nem guiavam o povo em obediência a Deus. Teologicamente, o que Neemias está combatendo se chama apostasia. Diferente de não cristãos que nunca se dizem pertencer ou acreditar no Deus da Bíblia, a apostasia acontece quando alguém professa uma fé que não tem ou não pratica. Um Dicionário Bíblico chama a apostasia de “Uma negação pública de uma crença religiosa previamente professada e distanciamento da comunidade que a professa. O termo é quase sempre aplicado pejorativamente, carregando conotações de rebelião, traição, deslealdade ou infidelidade.” O termo grego para apostasia é usado muitas vezes na literatura antiga para descrever uma traição militar na qual um soldado se junta com o inimigo para atacar seus antigos aliados. Apostasia, nesse caso, é a versão da guerra espiritual e é comum em todas as gerações entre aqueles que querem desconstruir sua fé definitivamente, transformar a Bíblia em nada mais que moralismo de justiça social, apresentar Jesus como um bom exemplo, mas não um Salvador sem pecados, ou começar uma nova religião enquanto ainda falam sobre Cristo. De forma apropriada, o livro termina com uma oração simples de um ancião humilde que viveu sua vida acumulando tesouros no Céu, que deseja estar com o Deus a quem dedicou sua vida em serviço fiel. Também nos deixa com a questão de se vamos viver nossas vidas com ousadia, pela fé, como Neemias, ou viver nossas vidas de maneira ruim e vacilante como muitos outros. Reflexão: Como a apostasia se apresenta na Igreja Cristã hoje? Quais problemas são os mesmos do tempo de Neemias 13? Obrigado por estudar Neemias comigo. 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