Os Conflitos No Lar E a Necessidade Do Perdão预览

Viver de maneira coerente com o evangelho – baseado em Efésios 4. 17-32
Você já parou para pensar no quanto somos incoerentes, muitas vezes, com aquilo que professamos ser?
Um bom exemplo disso pode ser visto no próprio casamento. Muitas vezes a boca que beija o cônjuge é a mesma boca que fere o cônjuge com palavras. A mesma boca que beija, muitas vezes é a mesma que fala mal do próprio cônjuge. E somos tentados a agir dessa forma em nosso relacionamento com Deus. À luz desse texto fica evidente que tal postura é totalmente incoerente, ilógica. Muitos frequentam a igreja e louvam a Deus com os seus lábios no domingo, mas na segunda feira estão na empresa ou em casa falando palavrão, ou maldizendo alguém. Muitos vão ao culto, louvam a Deus com os seus lábios e desejam a paz do Senhor para os seus irmãos, mas voltam para casa falando mal de algum irmão da comunidade.
Nesse sentido, o texto de Efésios 4. 17-32 é bastante pedagógico, educativo e prático. O grande assunto do texto é um CONTRASTE. De maneira objetiva, Paulo afirma que existem duas maneiras de ANDAR. Andarmos como aqueles que estão EM CRISTO, ou andarmos como os gentios (gentios aqui já não é mais aquele sinônimo de crentes de outras nacionalidades, que agora fazem parte da família de Deus, mas é sinônimo de não crentes/inimigos de Deus). E, seguindo essa lógica, é totalmente incoerente alguém estar em Cristo e viver como vivem aqueles que são ímpios e inimigos de Deus.
O ponto aqui é que isso ainda é possível. Ao fazer uso de um imperativo, Paulo parte do pressuposto de que é possível um crente ainda viver como vivem os gentios em algum momento. Em outros textos, e pela própria teologia paulina, nós aprendemos que os que vivem assim, de maneira obstinada/deliberada, na verdade só estão provando que nunca foram salvos. Entretanto, mesmo aqueles que são verdadeiramente salvos, ainda assim podem ser tentados a manter algumas práticas da sua velha natureza.
Outro ponto que salta aos olhos nesse texto é que as práticas da velha natureza não são apenas aquelas que normalmente são escandalosas aos olhos da sociedade: “Ah, agora estamos em Cristo então não adulteramos, não roubamos e não matamos”! Paulo, no início, fala sobre aqueles gentios que se entregam a dissolução e toda sorte de impureza. Mas, quando ele dá alguns exemplos de tais práticas ele apresenta aquelas que para nós são normalmente mais aceitáveis, como: IRA, MENTIRA, PALAVRAS TORPES, FALAR PALAVRAS QUE NÃO EDIFICAM, GRITARIA.
Já parou para pensar que nós somos muito mais tolerantes com crentes irascíveis? Normalmente atribuímos isso à personalidade ou a criação daquela pessoa. Já parou para pensar que mesmo crentes que conhecem as doutrinas centrais da fé cristã e frequentam assiduamente a igreja, ainda mantêm o hábito de contar pequenas mentirinhas? Às vezes coisas simples e pequenas, apenas para contar algum tipo de vantagem, ou por vergonha de deixar transparecer alguma fraqueza ou limitação. Já parou para pensar que mesmo crentes que são envolvidos na igreja, ainda assim vivem falando palavras que não deveriam, e que não são próprias de um vocabulário cristão? Que existem crentes que vivem gritando dentro de casa? Muitas vezes podemos pensar que os nossos pequenos pecados são normais, mais aceitáveis ou comuns.
Porém, essas são características daqueles ímpios, que são por natureza inimigos de Deus. E Paulo aqui coloca tais práticas ao lado de pecados como: BLASFÊMIA, FURTO, DISSOLUÇÃO.
O texto enfatiza que se estamos em Cristo, existe uma maneira correta de viver, que seja coerente com a fé que nós professamos. E isso até mesmo naquilo que muitas vezes consideramos como pequenas coisas. Mas essas coisas são grandes aos olhos de Deus. Muitos pecados, que as vezes atribuímos a nossa personalidade. A forma como tratamos os nossos familiares, nosso cônjuge, nossos filhos, nossos pais. Tratar alguém com grosseria ou falta de educação nunca vai ser algo justificável. E o problema é que normalmente tratamos assim as pessoas que mais nos amam. É normalmente dentro de casa que nós descortinamos mais o nosso coração.
Abrindo um parêntesis; certa vez eu ouvi de um pastor algo que marcou profundamente a minha vida: “Cuida bem de quem vai chorar no seu enterro”! Normalmente queremos ser bem-vistos pelos homens, nos preocupamos com a nossa reputação com os de fora, fazemos muitas coisas moralmente corretas e somos tidos em muita estima pelos homens. Mas Deus conhece as reais motivações do nosso coração. O evangelho para nós precisa ser “DE VERDADE”. A vida cristã não é mera religiosidade. Não diz respeito a simplesmente cumprir um “check-list” religioso. Devemos andar de maneira digna da nossa vocação, como àqueles que estão EM CRISTO. Mas isso não é algo que pode ser produzido artificialmente, para passar uma impressão para os homens ou comprar o favor de Deus. O nosso andar deve ser um ANDAR genuíno, que brota de uma transformação verdadeira, pela graça de Deus, através do evangelho, da reconciliação que recebemos de Deus, em Cristo pelo Espírito.
Devemos abandonar (nos despojar) os nossos pecados, sejam aqueles que são tidos como grandes aos olhos da sociedade, ou até mesmo aqueles mais “aceitáveis” pelos homens. Aqueles pecados que normalmente nós justificamos pelo zelo à verdade. Em nome da verdade muitas vezes nos vemos no direito de tratar o outro de maneira indiferente ou com ira e amargura. Pensamos que, se estamos no nosso direito isso justifica o que falamos e a forma como falamos. Porém, esse texto deixa claro que não.
Um outro ponto que chama a atenção nesse texto é que a vida cristã envolve um processo. Nós não cremos em Jesus e já estamos prontos. Precisamos encarar com seriedade a santificação. Ainda temos natureza pecaminosa, e enquanto aqui vivermos nós teremos algo a tratar com a gente mesmo e pecados que teremos que abandonar. E isso é algo que naturalmente deveria nos humilhar. Isso é algo que deveria nos guiar quando olhamos para o pecado do outro. Nós, como igreja, devemos julgar sim as obras de cada um, porque temos a responsabilidade de testificá-las diante de Deus. Mas somos hábeis em enxergar o erro e o pecado dos outros, enquanto deveríamos ter a mesma habilidade (ou ainda maior) de enxergar os nossos próprios pecados. E não apenas identificá-los, mas abandoná-los.
O despojar e o revestir é um processo constante, ligado à nossa santificação. E se chegar ao ponto de você achar que já é santo o suficiente. Ou que você não tem pecado para tratar, não tem algo que você precisa mudar para ser mais parecido com Jesus, cuidado! Cuidado, porque se você já é santo o suficiente então significa que o tempo da sua partida, da sua glorificação já é chegado. Enquanto vivermos aqui, nós estaremos num processo de santificação. Esse processo, de maneira simples de acordo com Paulo, consiste em deixar de andar como andam os ímpios e começar a andar de maneira coerente com o que professamos, com a nossa nova posição EM CRISTO.
Somos chamados para nos despojar dessa maneira de andar (da velha natureza), e nos revestir de uma nova maneira de andar, segundo o evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo. Ao contrário dos ímpios que não se santificam, o cristão está num constante processo de santificação.
- O constante processo de santificação do cristão (despojar e revestir):
Nos versículos 20 ao 24 Paulo nos apresenta um processo constante na vida do cristão. É o que costumo chamar da dinâmica da santificação, que consiste em abandonar as práticas do velho homem e em viver como o novo homem que somos EM Cristo[1]. Paulo costuma fazer uso de dualismos. Principalmente aqui em Efésios ele faz uso desse recurso diversas vezes (luz/trevas; néscios/sábios). E é basicamente o que ele faz nesses versículos, através do contraste entre o velho homem e o novo homem. O "novo homem" (v. 24) refere-se de fato à "nova pessoa". Essa nova pessoa é literalmente "criada segundo Deus" (24). Ou seja, à imagem ou semelhança de Deus. Ao falar sobre uma nova criação, nós podemos presumir que Paulo está fazendo uma espécie de alusão à forma pela qual Deus, originalmente, fez Adão e Eva à sua imagem. Aquele que está em Cristo foi criado novamente. Mas ele está partindo do que ele disse no capítulo 2, quando afirma que nós estávamos mortos em nossos delitos e pecados; e estando nós mortos, nos deu vida juntamente com Cristo. E aqui ele está associando essa nova vida que recebemos com uma nova criação. Esse novo homem foi recriado. Me parece que Paulo está dizendo que a barreira moral que existia quando estávamos mortos foi retirada. É como se Paulo estivesse dizendo que os ímpios fazem o que fazem porque estão mortos, porque isso é próprio de sua natureza. Mas os filhos de Deus, que foram regenerados, que nasceram de novo, esses foram recriados. O novo homem, criado segundo Deus, tem agora uma capacidade que não tinha antes. Ele afirma que a nova pessoa que o cristão se tornou está imbuída de pureza moral porque ele ou ela foi feita (criada), moralmente, à semelhança de Deus. Assim, aponta Paulo, é preciso viver de acordo com essa nova realidade. E, para isso, ele utiliza alguns vocábulos aqui: "revestir-se" e "despir-se". [2]
[1] “Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade”.
[2] Esses vocábulos são bastante naturais para Paulo; porque esses vocábulos ocorrem tanto no Antigo Testamento como na literatura grega com o sentido de adotar ou abandonar determinados comportamentos (Jó 29.14; SI 109.18; especialmente Is 61.3.10; veja comentário de Rm 13.12), atributos (2Cr 6.41; SI 93.1). Tanto os autores judeus de textos de sabedoria como os filósofos provavelmente concordariam com a ênfase de Paulo na "renovação da mente". Eles entendiam que as atitudes e os valores de uma pessoa afetam sua vida prática. Entendiam, também, que a conversão ao judaísmo ou à filosofia consistia na adoção de um novo caminho de vida. Mas o fundamento de Paulo para a renovação é diferente da deles. Ele se baseia no novo tipo de vida disponível em Cristo, um tipo de vida que a maior parte do povo judeu esperava encontrar apenas no mundo vindouro (depois da RESSURREIÇÃO dos mortos). E Paulo está dizendo que isso já ocorreu no momento da regeneração, o novo homem já foi criado. Apesar de ainda não ser uma obra completa, no sentido de que ainda temos uma natureza pecaminosa para mortificar e um corpo corruptível que aguarda a glorificação.
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Os conflitos inevitavelmente farão parte de nossos relacionamentos interpessoais. Por isso, a melhor forma de lidar com a realidade dos conflitos é estabelecendo expectativas reais. Muitas vezes somos tentados a idealizar a família perfeita, a igreja perfeita, o casamento de conto de fadas, os filhos que nunca nos desobedecem. Mas isso é absolutamente impossível, uma vez que somos pecadores e os conflitos são inerentes aos nossos relacionamentos. Sendo assim, ao invés de acreditar na utopia de uma família onde todos nos agradam o tempo todo, nós precisamos aprender a lidar com os conflitos em nossa família de maneira bíblica.
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