“Como uma família espiritual nossos atos afetam nossos irmãos diretamente” (John Stott).

Poderíamos analisar essa frase sob vários aspectos, quero prender-me ao aspecto de edificação. Minhas atitudes são imprescindíveis para a edificação do Corpo de Cristo, e nesse caso para o crescimento espiritual dos meus irmãos em Cristo. Nós nos ajudamos no crescimento espiritual. Por isso precisamos estar conscientes do nosso papel, observando o quanto nossas ações irão impactar a vida do outro enquanto meu irmão em Cristo.

“Minha grande expectativa e esperança é que eu jamais seja envergonhado, mas que continue a trabalhar corajosamente, como sempre fiz, de modo que Cristo seja honrado por meu intermédio, quer eu viva, quer eu morra.”

Paulo tem consciência do quanto sua vida é valorosa como parte da família de Deus. Ao perdermos essa consciência, desprezamos até mesmo os talentos, dons e dádivas que Deus nos deu. Paulo percebe o quanto suas ações são preciosas para honrar a Jesus Cristo. O quanto sua vida é importante. Nossa vida tem uma imprescindibilidade no contexto da igreja de Cristo.

“Pois, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Mas, se continuar vivo, posso trabalhar e produzir fruto para Cristo. Na verdade, não sei o que escolher. Estou dividido entre os dois desejos: quero partir e estar com Cristo, o que me seria muitíssimo melhor.”

Agora ele deixa mais claro ainda o valor de sua vida. O “viver é Cristo” também poderia ser entendido como “a minha vida se expressa em Cristo” ou “não sei o que é viver de outra forma, senão por Cristo” (Steven J. Lawson. Filipenses é para você)

Paulo está tão convencido da importância de sua vida, que coloca agora sua morte também como instrumento nas mãos de Deus

“Contudo, por causa de vocês, é mais importante que eu continue a viver. Ciente disso, estou certo de que continuarei vivo para ajudar todos vocês a crescer na fé e experimentar a alegria que ela traz. E, quando eu voltar, terão ainda mais motivos para se orgulhar em Cristo Jesus pelo que ele tem feito por meu intermédio”

A escolha está feita: Paulo quer viver para ajudar seus irmãos a crescer na fé. Ele entende que sua vida é importante para os seus irmãos. Ele entende que na família de Deus nós estamos ligados uns aos outros, somos responsáveis uns pelos outros, nós ajudamos nossos irmãos em Cristo a crescerem. Alguns detalhes são preciosos para nossa consideração:

a. “por causa de vocês” – A nossa “causa” é a dos nossos irmãos e não apenas nossa. Estamos irmanados, ligados e, portanto, o que fazemos importa ao outro.
b. “é mais importante que eu continue a viver” – O que é mais importante? Por vezes nossas causas são tão egoístas que esquecemos o que é mais importante. Esquecemos do Reino de Deus, do próximo e da propagação do Evangelho.
c. “estou certo de que continuarei vivo para ajudar todos vocês a crescer na fé” – O verbo crescer é tradução de προκοπη (prokope) que significa “progresso ou avanço.” Paulo quer continuar vivo para ajudar, que aqui é tradução de συμπαραμενω (sumparameno) que significa “permanecer junto com ou continuar a viver junto.” Paulo quer viver junto daqueles irmãos para que eles cresçam. Progridam. E nisso vemos a maturidade de alguém que deseja permanecer junto para ver os outros crescerem.

O QUE APRENDEMOS HOJE...

1 – Nossa vida tem valor para o crescimento do outro.
2 – Devemos privilegiar o que é de fato importante para a vida comunitária como igreja.
3 – Vivemos juntos para que nossos irmãos progridam na fé e como pessoas.