Um conto de dois amores

Certa vez, ouvi um pastor dizer que o objetivo da pregação é consolar os aflitos e afligir os confortáveis. O livro de 1 João nos apresenta um bom balanço disso — um equilíbrio entre encorajamento e exortação, segurança e admoestação, e 1 João 2.12–17 apresenta esse “pêndulo” de forma bastante clara.

João quer que seus leitores estejam ancorados na sua fé, para que eles vivam o que devem viver. A primeira parte dessa seção (vv. 12–14) é marcada por encorajamento e segurança. Ao falar com pessoas de diferentes níveis de maturidade (“filhinhos”, “pais” e “jovens”), João os relembra de que seus pecados são perdoados em Cristo, que eles têm um novo relacionamento com o Pai, que a Palavra permanece neles, que Deus tem feito uma obra neles e que o resultado final é garantido — “vocês já venceram o Maligno” (v. 14).

Diante disso, João os exorta e admoesta a odiar o pecado e a amar ao Senhor (vv. 15–17). Nesse contexto, mundo não se refere à Criação, e sim ao sistema caído e pecaminoso que vemos ao nosso redor, que tenta tornar o pecado algo comum e aceitável. O padrão na tentação — desejos da carne, desejo dos olhos e soberba da vida — é o mesmo que vemos na Queda (Gênesis 3.6) e na tentação de Jesus (Mateus 4.1–11). Assim como Adão, Eva e Jesus, nós somos tentados nessas mesmas coisas. E podemos nos entregar aos nossos desejos como Adão e Eva fizeram, ou usar a Palavra que permanece em nós para vencer essa batalha, como Cristo fez.

Temos aqui um conto de dois amores: o amor ao mundo e o amor a Deus. Um passageiro, e outro eterno. Um enganoso e outro verdadeiro e satisfatório. Onde você está? Temos um Pai que nos ama, portanto, não amemos o mundo. Se você sabe que o Pai te ama, como você pode amar tudo o que ele odeia?