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Eu Creio - A Oração de Jeremias

Os acontecimentos relatados no Livro de Lamentações foram trágicos ao extremo. A obra apresenta uma série de lamentos vividos pelo profeta Jeremias ao ver Jerusalém sendo disciplinada por Deus por meio dos babilônios. Jeremias dedicou-se a advertir os judeus sobre a disciplina iminente, resultado de anos de transgressões contra o Senhor. O castigo chegou, e Jeremias sofreu junto com o povo. Agora, já não há mais reino, nem rei, nem príncipes, nem templo, nem sacerdote, nem culto. Tudo se transformou em cativeiro, dor e sofrimento. A ira de Deus transbordou, e Ele usou pagãos para disciplinar o Seu próprio povo.

É nesse contexto que vemos a lamentação e a oração de Jeremias, quando, em meio à alma sofrida, brota a lembrança da bondade de Deus. Jeremias então proclama uma das verdades mais conhecidas de seus escritos neste livro. São os versículos-chave que marcam o ponto de transição dos lamentos para a esperança gloriosa em Deus: “Quero trazer à memória o que pode me dar esperança. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele.” (Lm. 3.21-24).

Observemos isso com atenção e entreguemo-nos a Deus, certos de que Ele jamais nos desampara, apesar de nossas teimosias. Que esperança é essa? Entre outras, destacaremos três verdades significativas, que podemos escrever e incluir, a cada dia, em nossos momentos devocionais e em nossas orações também.

1-“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos”

Deixemos que essa verdade eterna penetre em nossa mente, tantas vezes ocupada com coisas passageiras. Muitos de nós estamos em tamanha correria que a Palavra, a voz de Deus, não consegue encontrar espaço nem em nossa mente, nem em nosso coração.

Meus irmãos, essa gloriosa afirmação veio — e continua vindo — do Céu. Ela é direcionada a nós como socorro do nosso Pai Eterno, para o alívio pleno de nossas almas cansadas e sobrecarregadas por aflições, sejam elas de qualquer natureza.

A esperança desapareceu? Foi embora? Uma parte de você desabou? Você não consegue orar, nem lembrar de um versículo da Bíblia, nem da primeira linha de um cântico ao Senhor? Pois bem, foi no meio de um turbilhão como esse que o crente Jeremias se levantou e voltou-se para a esperança.

Deus não desistiu de nenhum de nós. Voltemos — e voltemos já — arrependidos e confiantes em Suas verdades e misericórdias.

2-“As misericórdias do Senhor não têm fim”

A palavra misericórdia, ou compaixão, carrega a ideia de que, para tratar a nossa miséria, precisamos do coração de Deus — com Seu perdão e cura.

“Quero trazer à memória” (Lm 3.21). Que decisão poderosa e transformadora! Jeremias está no meio da tristeza e da aflição, lembrando-se da amargura dos dias passados, lamentando a tormenta do presente e suas desastrosas consequências. Ele caminha sobre os escombros da cidade que tanto amava, tropeçando nos restos do que um dia foi Jerusalém, imaginando como tudo aquilo aconteceu — e, de repente, tudo se torna claro: Deus é amor e justiça, sempre. Ele é cheio de graça. É por causa de Sua misericórdia que não somos consumidos. Os problemas e conflitos não duram para sempre. Assim como a noite passa, logo nasce o sol e com ele um novo dia.

3-“As misericórdias do Senhor renovam-se cada manhã”

Isso é um fato imutável, porque o texto também afirma: “Grande é a tua fidelidade.” Mesmo quando a desprezamos e tomamos decisões insensatas. Mesmo quando pensamos que sabemos mais do que Deus — e até mais do que as outras pessoas —, ainda assim, as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã.

Quais lembranças muitos de nós temos cultivado e carregado para o início de cada novo dia? Lembranças são coisas sérias e estão intimamente ligadas à vida. "Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus" (Cl. 3.1-3).

Lembremo-nos de Deus e daquilo que nos traz esperança em Sua Palavra. Conduzamos nossas mentes a pensar somente assim.

Se estamos enfrentando problemas e conflitos profundos, o desânimo, a amargura e a tristeza logo tentam nos dominar. Mas esses são os momentos de nos apegarmos ao Senhor com todo o nosso ser: corpo, mente e coração. Não fujamos das crises — fujamos para o Senhor Jesus Cristo. Entreguemos tudo a Ele… e não peguemos de volta.

Estejamos ancorados n'Ele, lembrando-nos constantemente de Sua infinita misericórdia. Deus é bom para com aqueles que n'Ele esperam. Fé é confiar e obedecer — sempre. Não devemos desistir, nem parar de acreditar, pois Ele é fiel em todas as Suas promessas.

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Questões para edificação:

1. Sua esperança alguma vez já desapareceu e você desabou? Como foi isso?

2. Por que devemos cuidar dos nossos pensamentos e do que vem à nossa mente? (Lm. 3.22)

3. Do que devemos lembrar e inculcar diante das maiores dificuldades da vida? (Lm. 3.21 e 24)

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José Nery Teixeira, pastor auxiliar na Igreja Presbiteriana de Manaus.