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Uma nobre função

Problema: Falta de espaço na igreja

Um jovem chegar ao ministério em tempo integral pode ser visto, em muitos contextos, como uma ambição imprópria e até ameaçadora. Em outros, pode não haver um caminho claro para essa carreira. Nisso, o que realmente importa?

Lectio.“Esta afirmação é digna de confiança: Se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função.” 1Timóteo 3:1 (NVI ©2000 – leia 1Tm 3:1-7).

Meditatio. Esta passagem se encaixa no propósito da Primeira Carta a Timóteo ao tratar da ordem na igreja e da autoridade espiritual. Vem depois da exortação sobre oração e conduta das mulheres, e antes das instruções sobre diáconos, compondo um quadro completo de liderança. Paulo inicia esta seção com uma afirmação solene, confiável: desejar o episcopado é desejar uma função admirável, não ambição imprópria. Para tanto, ele lista doze características de caráter: nove positivas (irrepreensível, fiel à esposa, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro, apto para ensinar, amável e pacífico) e três negativas (não apegado ao vinho, não violento e não avarento). O líder deve governar bem sua própria casa, pois quem não conduz a família não pode cuidar da igreja. Não deve ser recém-convertido, para não cair em soberba, e deve ter boa reputação fora da igreja, evitando descrédito e ciladas do Diabo.

Oratio. Desde os levitas, sacerdotes e sumo sacerdote até os diáconos, presbíteros e bispos, Deus sempre exigiu qualificação em todos os aspectos da vida. Olhe para a lista, examine-se e confesse se há qualificações que lhe faltam. Não pense em ser casado ou ter filhos como condição, pois essa não era a realidade de Paulo e provavelmente também não de Timóteo. Decida-se a atender a esses critérios em sua essência e esforce-se para ter o caráter aprovado que eles representam. Peça ao Senhor um coração quebrantado e busque-o com vontade, para ser sempre exemplo para os fiéis e bom testemunho para os de fora.

Contemplatio. Imagine um israelita no campo, ao cair da tarde, separando com cuidado um cordeiro para o sacrifício. Ele observa o rebanho com atenção, toca os animais, examina a lã, os olhos, as patas, certificando-se de que não haja mancha nem defeito. O cordeiro escolhido precisa ser perfeito, pois será oferecido ao Senhor. Com reverência, o homem sabe que esse cuidado não é formalidade, mas expressão de santidade e de desejo de agradar a Deus. Do mesmo modo, olhe para si como vocacionado: examine sua vida, veja se há falhas que precisam ser tratadas, e apresente os seus membros como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12:1).

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Confessio. Durante minha adolescência, como jovem pregador, sob o peso de ser exemplo para outros e ainda lutando contra o furor da carne, sofri por causa do mito da santidade inatingível de homens de Deus que admirei. Sentia-me inadequado para o ministério, às vezes miserável e incapaz.

Recordo-me do tempo no seminário, quando descobri o texto que mudou meu foco e a forma como me via. Naquele verão, ao som extremo das cigarras, Deus falou comigo: “Ora, se o sangue de bodes e touros... os santificam, de forma que se tornam exteriormente puros, quanto mais o sangue de Cristo... purificará a nossa consciência de atos que levam à morte, para que sirvamos ao Deus vivo!” (Hb 9:13-14, NVI).

Deixei o desespero do esforço próprio contra a carne e passei a depender da obra de Cristo em mim, tornando-me adequado para o serviço da vocação divina que recebi.