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Não se envergonhe

Problema: Enfermidade emocional

Dedicar-se ao ministério do Evangelho inclui sofrer a maldade desse mundo. Com isso, é urgente manter a saúde emocional. Qualquer enfermidade nessa área se torna um grande obstáculo para atender ao chamado divino.

Lectio.“Portanto, não se envergonhe de testemunhar do Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro dele, mas suporte comigo os meus sofrimentos pelo evangelho, segundo o poder de Deus,” 2Timóteo 1:8 (NVI, ©2000 – leia 2Tm 1:8-14).

Meditatio. Esta passagem mostra que a vocação envolve sofrimento emocional, expresso no chamado a não se envergonhar e a suportar com Paulo as pressões do evangelho. “Envergonhar-se” aqui é ser desfigurado, mutilado interiormente, permitindo que a dor do ministério corrompa a identidade do vocacionado. Para enfrentar esse peso, Paulo lembrou a Timóteo da ação salvadora de Deus em três dimensões inseparáveis: Deus pode: é o Seu poder que sustenta; Deus decide: é a determinação de Sua vontade que guia a história; e Deus se dispõe: é a graça como favor, benevolência e inclinação amorosa em nosso favor. Essa graça dada em Cristo desde a eternidade e manifestada na revelação do Salvador desfaz o poder da morte, ilumina a vida e assegura a imortalidade. Assim, o evangelho, origem da vocação e meio de sua preservação, guarda o pregador e o discípulo. Por isso, Paulo ordenou que Timóteo retivesse o modelo saudável, firmado em fé, amor e no Espírito Santo.

Oratio. Ore sobre este texto, pois o exercício do ministério ainda produz sofrimento emocional e pode mutilar a identidade do vocacionado pela vergonha. Confesse ao Senhor as pressões e vergonhas que têm pesado sobre você. Mude a sua mente ao reconhecer que Deus já proveu tudo: Seu poder que guarda, Sua determinação que chama e Sua graça que se dispõe em favor dos seus. Quebrante-se, recebendo essa graça revelada em Cristo, que anula a morte, ilumina a vida e assegura a imortalidade. Peça forças para cumprir a missão bíblica de comunicar o evangelho por todos os meios, sem se deixar limitar pelo sofrimento emocional.

Contemplatio. Contemple o cuidado de Deus por Paulo e Timóteo em meio ao sofrimento emocional do ministério. O Senhor os sustentou com Seu poder, salvando-os e chamando-os segundo Sua determinação, para que não tivessem a identidade mutilada pela vergonha. A graça concedida em Cristo, desde a eternidade e revelada na manifestação do Salvador, curava a dor, anulava o peso da morte, iluminava a vida e assegurava a imortalidade. Paulo podia confiar que Deus guardaria o depósito confiado, e instruía Timóteo a reter a sã doutrina com fé, amor e no Espírito Santo. Eis o suficiente provimento de Deus.

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Confessio. Depois do seminário, ainda jovem demais para ser aceito em tempo integral no ministério, construí uma carreira bem-sucedida nos negócios. Quando decidi dedicar-me exclusivamente à obra, continuei por alguns meses no trabalho secular, até perceber que estava vivendo em duas direções.

Naquele tempo, um adolescente que eu havia evangelizado e discipulado contou aos colegas que seu pastor “trabalhava”, referindo-se ao meu emprego secular. Suas palavras me alarmaram. Enquanto escândalos financeiros por todo lado impunham acusações, sofrimento e vergonha, compreendi que não havia espaço para hesitação. Era urgente deixar as outras atividades e abraçar com alegria a carreira excelente do ministério, ensinando à igreja que não há vergonha, mas honra, em cumprir a vocação.

Hoje, tantos anos depois, quando me perguntam a profissão, respondo de forma que me permita testemunhar. Não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1:16).