Crer e CorrerExemplo

Km 1 – O primeiro dia

Nunca fui fã de correr, apesar de ter praticado muitos esportes durante a infância e a adolescência — especialmente esportes com bola. Cheguei até a iniciar o curso de Educação Física, no final da década de 90, na UFRRJ. Parei o curso após uma partida de futebol com os calouros do curso. Eu estava no terceiro período. Em um lance, quando me preparava para um belo chute de esquerda (eu sou destro), levei uma entrada dura de um calouro no tornozelo. O osso quebrou na hora — ouvi até o estalo.

Fui submetido a uma cirurgia e, até hoje, carrego seis parafusos e uma placa de titânio no tornozelo. Aproveito para dizer que, segundo meus amigos da faculdade, eu consegui dar o chute, a bola entrou, mas o juiz marcou pênalti no lance, em vez de validar o gol. Ainda segundo eles, meu companheiro de ataque bateu o pênalti... e perdeu! Após essa situação trágica e cômica, decidi mudar de rumo, fui estudar Teologia e, por diversas razões, acabei me tornando um sedentário.

Mais de 20 anos depois, iniciei na corrida. Era 1º de agosto de 2021. Estava passando por uma dor profunda, fruto de um divórcio recente, e lutava contra a sombra da depressão. Não queria sair de casa, do meu quarto, não queria ver ninguém — muito menos correr. Eu ainda estava obeso, quase 30 quilos acima do meu peso ideal, não havia um lugar bonito ou seguro para correr... Enfim, não havia nenhuma motivação.

Mas, dias antes, comecei a sair de casa para levar minha cachorrinha, a Néo, para caminhar. E então, naquele dia, resolvi dar o primeiro passo e comecei a correr com ela ao meu lado. Corri por 35 minutos, bem devagarinho, talvez até mais lento do que se estivesse apenas caminhando... Mas comecei.

Confesso: foi horrível. Eu não entendia o porquê daquilo, nem sabia se continuaria nos dias seguintes. Foi muito difícil. Mas, no fim, veio aquele bem-estar — o efeito da endorfina e dopamina, aquela sensação boa de dever cumprido, uma satisfação que não sei bem explicar.

A vida com Jesus, muitas vezes, também começa assim: em meio à dor, a momentos difíceis, em que nada parece fazer sentido. E então, damos um passo — decidimos segui-Lo, colocamos nossa fé Nele. Nem sempre entendemos o porquê estamos fazendo aquilo, nem o que virá a seguir. Mas algo brota no coração: uma paz, uma alegria, uma satisfação também difícil de explicar.

O Autor da Vida nos dá vida. A própria Vida passa a habitar em nós. Sentimo-nos amados, amparados. Algo novo acontece. Cristo vive em nós! E esse é apenas o começo de uma grande jornada, repleta de experiências e aventuras com Ele!

Dica de corrida: Comece do jeito que você está!

Música: Tudo novo – Arautos do Rei