Amor

Música para meditação de hoje: Ousado Amor (Reckless Love) – Isaias Saad

A Bíblia afirma: “Deus é amor” (1 João 4:8). Isso significa que o amor não é apenas uma emoção humana, mas a própria essência divina. Paulo descreve em 1 Coríntios 13 que o amor é paciente, bondoso, não inveja, não se orgulha, não se ira facilmente, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor bíblico, o ágape, vai além do instinto ou da emoção passageira. É uma decisão de se doar, de colocar o outro acima de si mesmo. Jesus resumiu a lei e os profetas em dois mandamentos que giram em torno do amor: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo (Mateus 22:37-39).

Santo Agostinho escreveu: “Ama e faze o que quiseres.” Ele não defendia a permissividade, mas a verdade de que, quando o amor de Deus guia nossas ações, tudo o que fazemos será expressão de vida.

O amor é uma das emoções mais estudadas e, ao mesmo tempo, mais complexas. A neurociência mostra que não existe um único “circuito do amor”, mas um conjunto de sistemas emocionais que se sobrepõem. Pesquisas da Dra. Helen Fisher, antropóloga biológica, identificam três sistemas principais que atuam no amor:

1. Desejo sexual – movido principalmente pela testosterona e estrogênio.
2. Paixão/atração – ligada à dopamina e à norepinefrina, responsáveis pelo foco intenso no outro e pela sensação de energia.
3. Apego – sustentado pela ocitocina e pela vasopressina, hormônios que criam vínculos duradouros.

O amor, portanto, não é apenas emoção, é também biologia, memória e escolha. Antonio Damásio aponta que o amor está profundamente ligado à nossa sobrevivência, pois promove cuidado, proteção e cooperação.

Mas a neurociência também alerta: sem equilíbrio, o amor pode se confundir com dependência emocional, obsessão ou apego disfuncional. Amar não é perder-se no outro, é construir vínculos saudáveis que fortalecem a identidade de ambos.

Certa vez, uma paciente me disse: “Eu me sinto sufocada pelo amor que recebo, porque parece mais controle do que cuidado.” Descobrimos que aquilo não era amor, mas posse disfarçada. O verdadeiro amor não aprisiona, ele liberta. Também me lembro de uma mãe que, ao ver o filho nascer, disse: “Nunca pensei que pudesse amar alguém tanto.” O cérebro dela estava inundado de ocitocina, criando um vínculo que marcaria toda a vida. O amor tem muitas faces, mas a essência é a mesma: criar laços que sustentam a existência.

Aplicação prática:
Hoje, reflita sobre como você tem expressado amor. Pergunte-se: minhas atitudes estão mais próximas do amor que liberta ou do amor que controla? Escolha uma ação concreta de amor gratuito — um gesto de cuidado, uma palavra de encorajamento ou um tempo de escuta — e pratique ainda hoje.

Oração:
Senhor, obrigado porque o Teu amor me alcançou primeiro. Ensina-me a amar de forma equilibrada, sem controle ou dependência, mas com liberdade e entrega. Que eu viva o amor como escolha diária, refletindo o Teu caráter em minhas relações. Em nome de Jesus, amém.