Orgulho

Música para meditação de hoje: Tu és soberano - Eli Soares

A Bíblia fala muito sobre o orgulho. Em Provérbios 16:18 lemos: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.” O orgulho desmedido nos cega para nossas limitações e nos distancia da dependência de Deus.

Mas existe também um orgulho legítimo, quando reconhecemos com gratidão aquilo que Deus fez através de nós. Paulo escreveu aos gálatas: “Quanto a mim, não quero, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (Gálatas 6:14). A diferença está no foco: o orgulho arrogante exalta a si mesmo, o orgulho saudável exalta o que Deus realizou em nós.

Santo Agostinho dizia: “Foi o orgulho que transformou os anjos em demônios; é a humildade que torna os homens iguais aos anjos.” A humildade não é negar os dons que temos, mas reconhecê-los como presentes de Deus.

O orgulho é uma emoção secundária, mais complexa, que surge da interação entre a percepção de si e o olhar do outro. Estudos de Jessica Tracy, especialista em emoções, mostram que o orgulho ativa áreas como o córtex pré-frontal medial (ligado à autoconsciência) e o estriado ventral (ligado à recompensa).

Na neurociência, o orgulho é visto em duas dimensões:

1. Orgulho autêntico, que nasce da conquista genuína, do esforço e da competência. Ele aumenta a autoestima saudável e motiva a perseverança.
2. Orgulho arrogante, que nasce da comparação, da necessidade de superioridade e do desprezo pelo outro. Esse, quando exagerado, pode levar a conflitos, narcisismo e isolamento.

Ou seja, sentir orgulho de algo bem-feito pode nos fortalecer. Mas viver em função dele ou usá-lo para humilhar os outros nos afasta do equilíbrio emocional e dos relacionamentos saudáveis.

Certa vez, um executivo me disse: “Eu nunca peço ajuda, porque faço melhor que os outros.” No fundo, ele estava exausto, a caminho de um “burnout”, mas acreditava que admitir fragilidade seria sinal de fraqueza. O orgulho dele era uma armadura. Só quando conseguiu se permitir vulnerável, descobriu que pedir ajuda não o diminuía, mas o tornava mais humano. Ele descobriu que haviam pessoas que faziam suas atividades melhor que ele mesmo, e tudo bem, isso não roubava o seu valor. Ele me disse: “Percebi que meu orgulho não me protegia, me aprisionava e me adoecia.”

Aplicação prática:
Hoje, reflita: existe alguma área da sua vida em que o orgulho tem sido uma barreira? Pode ser dificuldade em pedir perdão, em aceitar ajuda ou em reconhecer limitações. Escreva isso em seu diário. Depois, faça uma oração entregando a Deus essa área e pedindo a humildade necessária para viver em equilíbrio.

Oração:
Senhor, eu entrego diante de Ti meu orgulho. Quero reconhecer meus dons e conquistas, mas sempre com gratidão e humildade. Livra-me da soberba que cega e afasta, e ensina-me a viver dependente da Tua graça. Em nome de Jesus, amém.