Compaixão Em Vez De Crítica: Vendo a Ansiedade De Uma Nova PerspectivaExemplo

Ontem falamos sobre o que é ansiedade e como ela se manifesta. Hoje, vamos nos aprofundar nos motivos pelos quais ela se manifesta dessa forma.

Mencionamos no primeiro dia que fizemos uma parceria com Chrissie Steyn, uma profissional de saúde mental licenciada, que disse o seguinte sobre sua abordagem à ansiedade:

Usamos uma estrutura chamada Sistemas Familiares Internos (SFI). Se você já viu o filme Divertida Mente você poderia reconhecer a maneira de pensar. A SFI identifica e aborda múltiplas subpersonalidades, ou partes, dentro do sistema mental de cada pessoa. Ela é baseada em evidências e nos permite falar sobre coisas como a ansiedade de uma forma muito mais suave, até mesmo guiada pelo Espírito.

Chrissie diz que, por meio dessa estrutura e da perspectiva adicional de sua fé, a ansiedade não é algo para se envergonhar. Não é um pecado. A ansiedade é um sinal. Ela pode se manifestar como pensamentos acelerados, palpitações ou uma desconexão confusa. Cada uma dessas expressões pode vir de diferentes partes de você, cada uma com sua própria maneira de tentar ajudar.

Muitas vezes, abordamos a ansiedade de uma perspectiva negativa: Por que me sinto assim? O que há de errado comigo? Por que não consigo sair desse ciclo vicioso? Mas e se pudéssemos interromper o ciclo investigando nossa ansiedade por meio da curiosidade? Imagine se nos perguntássemos: O que meu sistema nervoso poderia estar me dizendo hoje por meio de sinais de ansiedade?

Isso significaria que, em vez de se considerar ruim ou errado, você poderia dizer: “Interessante. Hoje sinto que algo não está certo dentro de mim. Vou explorar o que pode ser e me perguntar o que essa parte quer para mim. O que ela teme que aconteça se não cumprir sua função?”

Quando aceitamos a ansiedade com compaixão, em vez de julgamento, a cura se torna possível, mas não no sentido tradicional de "mente sobre a matéria". Você não pode lutar para se livrar da ansiedade. Em vez disso, a cura acontece no contexto dos relacionamentos: quando seu espírito, unido ao Espírito de Deus, começa a se conectar suavemente com as partes ansiosas dentro de você. Nesse espaço de presença curiosa e amorosa, o medo começa a se suavizar. A ansiedade não precisa ser vencida; ela precisa ser capaz de contar sua história na presença do amor.

Lembra da história de Elias? Depois de enfrentar um grave perigo e, por fim, sofrer exaustão, ele desaba sob uma giesta e implora pela morte. Consegue imaginar? E, no entanto, Deus não o repreende. Deus não tira sua vida. Não, Deus atende às necessidades básicas de Elias: Ele lhe dá comida, água e descanso. Só então Deus fala. A Bíblia diz que não foi com fogo ou vento, mas com um sussurro calmo e silencioso (1 Reis 19:12-13), assim como nosso Pai. A cura não começa com esforço, ou com se esforçar mais, ou com a disposição de abandonar a ansiedade. Assim como Deus a modelou, a cura vem com quietude e bondade. Com compreensão. Com cuidado.

Lembre-se: a Bíblia diz que o Espírito Santo está em você. Deus o criou à Sua imagem perfeita. Isso significa que Deus criou o sistema nervoso para ser bom. Em outras palavras, sentir ansiedade no seu corpo não é ruim. Com a coragem do Espírito Santo, podemos responder aos sinais do nosso corpo com compaixão, aceitando-os como mensageiros e louvando a Deus que os projetou para nossa proteção.

Reflexão: Hoje, reflita sobre um momento recente de ansiedade. Houve alguma parte de você que se sentiu especialmente preocupada ou inquieta?

Agora pense: do que essas partes poderiam estar tentando proteger você?

Você consegue agradecer a essa parte por se importar o suficiente com você para tentar ajudá-lo, mesmo que isso tenha parecido "ruim" ou perturbador?

Por fim, se você se sentir seguro, consegue imaginar apresentar essa parte de você ao seu eu atual? Ou mesmo à presença amorosa de Deus? O que você perceberia ao fazer isso?

Reserve um momento para refletir sobre este exercício e talvez até mesmo anotar algo que chamou sua atenção.

Oração: Senhor, obrigado por me criar. Cada parte de mim. Reconheço que não sou ruim, que meu sistema nervoso não está errado, que não estou quebrado. Tu vês as partes ansiosas, as partes protetoras, as partes preocupadas, e não as envergonhas. Deus, Tu me ajudarias a me regular? Me darias forças para reconhecer que toda vez que sinto ansiedade, é a maneira do meu corpo me dizer algo? Tu me ajudarias a desacelerar e a observar cada parte de mim com compaixão? Tu me concederias a graça de agradecer ao meu sistema nervoso por me manter seguro e me darias a coragem de apresentá-lo gentilmente à Tua presença amorosa? Confio que Tu estás me curando de dentro para fora. Obrigado por sempre ser gentil, amoroso e constante. Peço isso em Teu nome. Amém.