FundamentoExemplo

Seu grande amigo

Em mais uma passagem o comportamento que resulta da sabedoria é enfatizado, dessa vez contrastando as consequências da ação do ímpio e do justo.

Lectio. Pois o Senhor detesta o perverso, mas o justo é seu grande amigo. Provérbios 3:32 (leia Pv 3:21-35).

Meditatio. Essa passagem contrasta o comportamento do ímpio e do justo, destacando as consequências de cada escolha. O mandamento inicial proíbe invejar os violentos e adotar seu modo de agir, fazendo da violência o oposto da sabedoria. Isto é justificado por três adversativas. O Senhor detesta o perverso, mas acolhe o justo como seu grande amigo, enfatizando a conversa próxima e particular. Ele fala contra a casa dos ímpios, mas em favor do lar dos justos, indicando a determinação e o destino. O Senhor zomba dos zombadores, mas concede graça aos humildes, inclinando-se para eles. Finalmente há uma última afirmação onde a estrutura foi alterada: honra é a herança dos sábios, indicando seu valor, enquanto os tolos têm o legado do menosprezo, tornam-se insignificantes. A inversão no versículo final enfatiza a diferença dramática no futuro dos tolos. Assim, o texto compara a trajetória de justos e ímpios, sábios e tolos. O texto ensina que o comportamento justo recebe o conselho, a bênção, a graça e a honra divinas. Denuncia a perversidade, a impiedade, a zombaria e a tolice como comportamentos que trazem rejeição, maldição, reprovação e menosprezo. Promove a sabedoria como fundamento para todos os comportamentos que atraem a bênção divina. Instruções claras são dadas: não invejar ou imitar os violentos, pois seu comportamento desviado, maligno, irreverente e tolo são opostos à sabedoria.

Oratio. Em sua oração, adore a Deus pela justiça perfeita dele, que exalta os justos e rejeita a perversidade. Confesse as vezes em que você permitiu que a violência ou a impiedade influenciassem seus pensamentos, palavras e ações. Agradeça pela graça divina que é concedida aos humildes e pelo convite para ser amigo próximo do Senhor, recebendo sua orientação e cuidado. Submeta-se à vontade de Deus, abandonando todo comportamento desviado e buscando alinhar suas escolhas com a sabedoria divina. Dedique-se a viver de forma justa e sábia, comprometendo-se a honrar a Deus em suas ações e a ser um exemplo da bondade e graça dele para os outros.

Contemplatio. Contemple o Jardim do Éden, onde Deus caminhava com o ser humano ao entardecer, em perfeita comunhão e amizade. Veja a beleza desse relacionamento próximo, sem barreiras, onde o Criador e sua criação conversavam livremente. Agora visualize o afastamento que o pecado trouxe, quebrando essa amizade, lançando as pessoas para longe de Deus. Perceba, contudo, como essa amizade é restaurada em Jesus. Ouça a voz do Senhor dizendo: “... eu os tenho chamado amigos” Jo 15:15. Olhe para você, andando ao lado de Jesus, ouvindo-o contar-lhe tudo o que o Pai disse a ele, trazendo orientação e propósito para sua vida. Visualize sua caminhada como um diálogo constante com Jesus, o amigo fiel que nunca o abandona, que guia seus passos e ilumina seu caminho. Sinta a segurança e a paz que vêm dessa amizade restaurada. Permita que essa imagem fortaleça seu desejo de andar com Jesus diariamente, confiando nele e desfrutando da plena comunhão que Ele oferece.

Confessio.
Por que os meninos e meninas mais populares da escola têm comportamento desviado, maldoso, irreverente e tolo? Por que parecem sempre levar a melhor e viver bem, mesmo quando são desrespeitosos e negligentes? Por que, mesmo sendo egocêntricos, egoístas e violentos, humilhando e agredindo os outros, saem impunes? Por que a maioria ainda os inveja e deseja imitá-los?

Confesso que, nos meus dias de escola, também tive minha cota de inveja e inclinação para imitá-los. Mas o estudo do salmo 73 trouxe-me clareza. Como um pequeno Asafe, quase escorreguei diante da aparente prosperidade dos arrogantes, quase questionei o valor da santidade. Não foi fácil, mas então entendi o destino deles. A Palavra de Deus me ensinou.

Não mantive contato com aqueles colegas populares, mas ouvi falar, aqui e ali, do envolvimento com drogas, crimes e até prisão. Soube do fracassos em suas famílias e carreiras. Eram tão evidentes, mas depois não os vi mais; tornaram-se como moinha levada pelo vento. Não os invejo e não os segui. Deus é a minha porção. E você, como lida quando os ímpios ao seu redor são admirados e parecem prosperar?

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Os títulos das seções Lectio, Meditatio, Oratio e Contemplatio, referem-se às quatro práticas devocionais da Lectio Divina, um método devocional de leitura das Escrituras, praticado desde os tempos patrísticos e sistematizado no século XII por Guigo II. A ele, o autor acrescentou uma quinta prática devocional, Confessio, incluindo o testemunho como parte dessa leitura orante das Escrituras.