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Não deixe de fazer o bem

A sabedoria se revela no comportamento. Bondade, generosidade, fidelidade e veracidade são testemunhos de que alguém se apegou à sabedoria.

Lectio. Quanto lhe for possível, não deixe de fazer o bem a quem dele precisa. Provérbios 3:27 NVI (leia todo o texto de Pv 3:27-30).

Meditatio. Literalmente, ‘O bem daqueles a quem é devido, quando é possível, a sua mão o faça’, o primeiro imperativo é positivo. A exortação a fazer o bem se encaixa no contexto mais amplo do livro de Provérbios, que exalta a sabedoria como guia para uma vida justa e próspera. Ao praticar a bondade, se demonstram os verdadeiros seguidores da sabedoria divina. A limitação "quanto lhe for possível" revela a importância da prudência na real possibilidade de ajudar. Não se trata de um chamado ao heroísmo, mas sim à prática consistente da bondade dentro da possibilidade. Ao mesmo tempo, a frase "a quem dele precisa" enfatiza a importância de orientar nossas ações pela necessidade do outro, não por nossa própria conveniência. A estrutura negativa do texto, com três contrastes claros, serve para distinguir a ação positiva. O adiamento negligente, o planejamento maligno e a acusação injusta são apresentados como o oposto da prática da bondade. Ao evitar tais comportamentos, nos aproximamos da sabedoria divina. Em resumo, este texto nos ensina a importância da compaixão, da ação imediata e da justiça em nossas relações com o próximo. Ele denuncia a procrastinação, a maldade e a injustiça como comportamentos que se opõem à sabedoria divina. Ao mesmo tempo em que condena três práticas, o acerto de evitá-las intencionalmente é promovido e a vida dedicada a fazer o que é bom é a instrução para a perseverança.

Oratio. Em oração sobre este texto, adore a Deus por sua bondade imutável, que se manifesta em tudo o que ele faz, e pelo chamado dele a sermos seus imitadores. Confesse os momentos em que você negligenciou fazer o bem, cedendo à indiferença diante da necessidade de alguém. Agradeça ao Senhor pelas oportunidades que ele lhe deu hoje para praticar a bondade e refletir o caráter divino em suas ações. Submeta-se ao chamado de Deus para agir com bondade, generosidade, fidelidade e veracidade, abandonando qualquer intenção ou prática que contradiga esses valores. Dedique-se a ser um canal de bênção, comprometendo-se a fazer o bem conforme a capacidade que Deus lhe deu e a necessidade daqueles que estão próximos de você.

Contemplatio. Contemple Jesus a caminhar pelas cidades e povoados, cheio de compaixão, ensinando, pregando e curando. Veja como ele olha para as multidões aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor, e perceba o profundo amor que move suas ações. Observe que ele não apenas age, mas também compartilha sua visão com os discípulos, revelando a grande necessidade de trabalhadores para a colheita do Reino. Agora visualize-se entre os discípulos, ouvindo Jesus falar sobre a colheita abundante e a falta de trabalhadores. Ouça o chamado de Cristo e perceba como o convite de fazer o bem está diretamente ligado à compaixão e à ação. Deixe essa cena inspirar você a orar ao Senhor da colheita e a se oferecer como instrumento para atender às necessidades ao seu redor, fazendo o bem conforme suas forças, pela comunicação do Evangelho, que supre plenamente e liberta inteiramente.

Confessio.
É comum que, em minhas viagens, jovens venham me dizer como lhes arde o coração para sair pelo mundo fazendo a obra de Deus. Mas, quando pergunto que obra querem fazer, quase sempre se trata de sair pela noite distribuindo comida e até cobertores. Isso sempre me deixa apreensivo, não pela vontade de fazer o bem, mas pela falta de sabedoria em agir efetivamente.

Enquanto explicava isso a um grupo de jovens, um deles relatou que, em uma noite fria, ao distribuir comida, um morador de rua apontou para várias marmitas ao lado e disse: “Comida, muitas pessoas vêm nos dar. Você não teria uma Palavra de Deus para mim?”. Aquele testemunho representou tudo o que eu precisava dizer.

Quando somos instados a fazer o bem conforme o poder que temos, deveríamos sempre nos lembrar que a Palavra de Deus, que criou os céus e a terra e tudo o que neles há, é o maior poder que temos. Mas os lobos que se infiltraram no rebanho procuram dar a impressão de que a pregação e o ensino, no poder do Espírito e na compaixão do Pai, são insuficientes. Estão errados e induzem ao erro! A Palavra tanto supre como liberta, promovendo ela mesma a salvação completa. E você, como tem feito o bem como trabalhador da colheita?

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Os títulos das seções Lectio, Meditatio, Oratio e Contemplatio, referem-se às quatro práticas devocionais da Lectio Divina, um método devocional de leitura das Escrituras, praticado desde os tempos patrísticos e sistematizado no século XII por Guigo II. A ele, o autor acrescentou uma quinta prática devocional, Confessio, incluindo o testemunho como parte dessa leitura orante das Escrituras.