FundamentoExemplo

Pura exibição

A insensatez disfarça a sua maldade, esconde suas vítimas e procura parecer atraente para o mesmo público que a sabedoria convida.

Lectio. A insensatez é pura exibição, sedução e ignorância. Provérbios 9:13 NVI (leia todo o texto de Pv 9:13-18)

Meditatio. Na última seção dos ‘Dez discursos da sabedoria’ encontramos uma mulher insensata, barulhenta, simplória e ignorante. Ela está “sentada à porta de sua casa, no ponto mais alto da cidade”, imitando a sabedoria deliberadamente (Pv 9:3). Ela também convida as mesmas pessoas, inexperientes e faltas de bom senso (Pv 9:4), mas as suas propostas são bem diferentes. Enquanto a sabedoria oferece alimento que traz vida plena, a insensatez seduz com promessas ilusórias. Sua frase: “A água roubada é doce, e o pão que se come escondido é saboroso”, sugere que o prazer ilícito tem um fascínio especial. Esse discurso manipula os desejos humanos, fazendo com que o proibido pareça mais atraente que o correto. Contudo, a narrativa revela o destino trágico dos que a seguem: “eles nem imaginam que ali estão os espíritos dos mortos”. A casa da insensatez não é um refúgio, mas uma armadilha mortal. Seus convidados estão espiritualmente mortos, presos em um ciclo de destruição que os afasta cada vez mais da sabedoria e da vida verdadeira. O contraste é claro: a sabedoria leva à vida, enquanto a insensatez conduz à morte. O ensino central é direto: o caminho da insensatez pode parecer atraente e prazeroso, mas seu final é fatal. O texto denuncia o engano do prazer ilícito, promove a vigilância contra promessas vazias e instrui os leitores a discernirem entre a oferta sedutora da insensatez e o convite sincero da sabedoria.

Oratio. Ore agora, adorando a Deus, cuja sabedoria oferece vida plena e verdadeira satisfação. Confesse se você tem sido atraído pelas promessas vazias da insensatez, buscando prazer imediato em caminhos ilícitos. Agradeça pela voz clara da sabedoria que continua chamando, oferecendo alimento verdadeiro e vida abundante. Submeta-se ao chamado divino para discernir entre o que é genuíno e o que é apenas uma ilusão passageira. Dedique-se a evitar os atalhos sedutores da insensatez, escolhendo sempre o caminho reto da sabedoria. Que o Senhor guarde seu coração e sua mente, fortalecendo sua vigilância para não cair em doces ilusões que terminam em morte. Que sua vida seja um exemplo ao escolher a sabedoria divina e rejeitar os convites enganosos da insensatez.

Contemplatio. Pare um pouco e imagine. Você está caminhando por um bairro nobre da cidade quando avista uma casa magnífica. À porta, empregadas elegantes lhe convidam para entrar, e você aceita. Na sala principal, a dona da casa, Sra. Sofia, recebe você com toda a cortesia e conduz até a sala do banquete. Que delícia, quanta fartura! Após se satisfazer, você segue seu caminho e logo encontra outra casa. Desta vez, a mulher sentada à frente é vulgar, barulhenta e sem educação. Ela também o convida a entrar, prometendo uma refeição irresistível. Será que você deve aceitar? Olhe para si e perceba a dúvida que surge. Será que essa é uma oportunidade imperdível ou uma armadilha perigosa? A escolha diante de você não é sobre uma refeição, mas sobre vida e morte. Entre a casa da sabedoria e a casa da insensatez, qual porta você vai escolher?

Confessio.
Durante os anos de escola, raramente soube de outro cristão evangélico nas classes por onde passei. O evangelicalismo abrangia pouco mais de 5% da população brasileira, então eu era sempre o único, uma exceção à regra, a nota destoante. Isso me rendeu uma significativa cota de bullying, como se pode imaginar, e me obrigou a tomar importantes decisões que moldaram o meu caráter e a minha vida.

Em certa ocasião, Abdo, um dos garotos que sempre se unia ao coro dos que zombavam da minha disciplina religiosa, veio falar comigo em particular. Ele me pediu desculpas pela zombaria constante e explicou que fazia isso para ter um lugar na turma. “Se eu não fizer assim, eu é que vou sofrer a zombaria”, ele se justificou. Eu não tinha muito o que dizer, e tudo continuou como sempre.

Ter uma família equilibrada, fazer parte de uma igreja sólida e ter amigos fiéis na fé sempre me supriu e fortaleceu para enfrentar um mundo hostil às minhas convicções. Isso também me fez olhar com piedade para pessoas como Abdo, que eram cativadas pelas vantagens ilusórias da insensatez. E você, já se deparou com pessoas que se deixaram seduzir por aparentes vantagens que as levam ao erro e à destruição?

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Os títulos das seções Lectio, Meditatio, Oratio e Contemplatio, referem-se às quatro práticas devocionais da Lectio Divina, um método devocional de leitura das Escrituras, praticado desde os tempos patrísticos e sistematizado no século XII por Guigo II. A ele, o autor acrescentou uma quinta prática devocional, Confessio, incluindo o testemunho como parte dessa leitura orante das Escrituras.