Nojo

Música para meditação de hoje: Purifica-me - Kleber Lucas

A Palavra também fala sobre nojo, muitas vezes em forma de rejeição ao pecado e àquilo que contamina o coração. Em Romanos 12:9, Paulo nos orienta: “Odeiem o que é mau; apeguem-se ao que é bom.” O nojo moral, quando guiado por Deus, pode nos proteger de escolhas erradas e nos aproximar da santidade.

Jesus demonstrou algo semelhante quando expulsou os vendedores do templo. Sua reação não foi apenas de indignação, mas de rejeição à corrupção que contaminava o lugar santo (Mateus 21:12-13). O nojo, nesse caso, foi combustível para restaurar a ordem e a pureza.

Como escreveu John Stott, teólogo anglicano: “O amor verdadeiro é intolerante com o mal, não porque deseja condenar, mas porque deseja proteger.” O nojo, quando equilibrado, é um aliado na busca por uma vida íntegra.

O nojo é uma emoção básica essencial para a sobrevivência. Ele surge como uma reação do cérebro a estímulos que podem nos causar repulsa ou perigo, como alimentos estragados, cheiros fortes ou até comportamentos considerados moralmente inaceitáveis. Estudos de Paul Rozin, um dos maiores pesquisadores do tema, mostram que o nojo evoluiu como um mecanismo de proteção contra doenças.

Quando sentimos nojo, áreas do cérebro como a ínsula anterior são ativadas, provocando náusea, afastamento e até contrações musculares. Essa reação protegeu nossos antepassados de ingerir venenos ou substâncias contaminadas. Hoje, além do nojo físico, também experimentamos o nojo moral, quando reagimos a atitudes de injustiça, corrupção ou traição.

A neurociência lembra que, embora necessário, o nojo também pode se tornar exagerado. Fobias, preconceitos e até rejeição social podem nascer de um nojo mal regulado.

Uma vez, uma paciente me disse: “Sinto nojo só de lembrar do que aconteceu comigo.” Não se referia a comida, mas a uma experiência de abuso. O cérebro dela associava a dor ao mesmo sistema que rejeita o alimento estragado. Aquela emoção, que nasceu para protegê-la, agora a mantinha presa ao trauma. Com o tempo e o processo terapêutico, ela conseguiu transformar o nojo em discernimento — aprendeu a rejeitar o que a feria, mas sem permitir que a emoção paralisasse sua vida.

Aplicação prática:
Hoje, reflita: o que você tem permitido entrar na sua vida que o Espírito Santo talvez esteja lhe pedindo para rejeitar? Pode ser um hábito, um relacionamento tóxico ou até conteúdos que você consome. Escreva um deles e faça um compromisso diante de Deus de se afastar do que contamina sua alma.

Oração:
Senhor, obrigado por ter colocado em mim a capacidade de discernir e rejeitar aquilo que me faz mal. Dá-me sabedoria para não deixar o nojo me aprisionar em lembranças dolorosas, mas para usá-lo como proteção contra o pecado e tudo o que destrói a vida abundante que tens para mim. Em nome de Jesus, amém.