Entre o já e o ainda não

O “já” e o “ainda não” são as tensões que atravessam toda a narrativa bíblica. O Reino de Deus já chegou em Cristo, mas ainda não se manifestou em sua plenitude. Nós já fomos salvos, mas ainda aguardamos a redenção final. Vivemos nesse espaço entre o cumprimento parcial e a consumação futura, um intervalo que exige fé.

É nesse “entre” que a maioria de nós tropeça. Queremos o resultado imediato, mas Deus nos chama para uma confiança que suporta o invisível. Abraão ouviu a promessa de uma descendência incontável, mas morreu vendo apenas Isaque. Moisés contemplou a terra prometida de longe, mas não pisou nela. O “já” era real o suficiente para sustentá-los, mas o “ainda não” exigiu que permanecessem peregrinos da fé.

Na sua história, esse intervalo também existe. Você já recebeu promessas, já experimentou livramentos, já provou da graça. Mas há capítulos ainda não revelados. O risco aqui é se cansar e acreditar que o “ainda não” é sinal de esquecimento divino. Só que, na verdade, esse é o espaço em que Deus forma caráter, dependência e perseverança.

O diabo tenta transformar o “ainda não” em desespero. Deus, porém, o transforma em laboratório de esperança. O Espírito Santo é o selo que garante que o Autor não abandonou o enredo, Ele apenas está escrevendo com o tempo da eternidade.

Aplicação prática

• Hoje, faça uma lista de promessas ou palavras proféticas que você já recebeu. Marque quais já se cumpriram (o já) e quais ainda estão em espera (o ainda não).
• Em oração, agradeça pelo “já” como memorial da fidelidade de Deus e entregue o “ainda não” como ato de confiança.
• Declare em voz alta: “Meu intervalo não é esquecimento, é lapidação.”

Oração

“Deus, eu reconheço que vivo muitas vezes impaciente no intervalo entre o que já recebi e o que ainda espero. Mas hoje eu escolho descansar na Tua fidelidade. Obrigado pelas promessas já cumpridas, elas são âncoras para minha alma. E pelos capítulos que ainda não chegaram, eu declaro confiança no Teu tempo perfeito. Ensina-me a viver o ‘já’ com gratidão e o ‘ainda não’ com esperança. Amém.”