Criando filhos emocionalmente inteligentesExemplo

Ajudando seu filho a desenvolver o autocontrole 

Crianças não aprendem naturalmente a controlar as próprias emoções. Elas não nascem sabendo que não devem jogar um objeto no chão quando estão chateadas ou que não devem gritar com alguém quando estão irritadas. Educação emocional é responsabilidade dos pais. Leva tempo, requer paciência e muita, muita repetição. 

Durante uma fase de sua vida, meu filho mais velho fechava a cara, gritava e jogava algo no chão quando era contrariado. Acompanhando o comportamento inadequado, dizia: “Quando eu estou bravo eu faço isso, sim, porque estou bravo!”. Diversas vezes conversei com ele sobre maneiras de ficar bravo, adequadas e inadequadas. Perguntei para ele como ele se sentiria se eu, quando ficasse brava, gritasse com ele e jogasse coisas no chão ou nele. Ele dizia que não ia ser legal. E eu concordei. Então, perguntei a ele, quais seriam as outras alternativas para quando eu estivesse brava? Ele mesmo começou a enumerar algumas: conversar sobre o motivo de estar brava, ou falar sobre o que estava sentindo, ou mesmo dizer que prefere ficar quieto por um tempo até a raiva passar. Depois da conversa, me pedia desculpas... e por vezes, no outro dia já estava fazendo tudo de novo. E, novamente conversávamos sobre as outras alternativas, muitas vezes com alguma disciplina acompanhada da conversa. Até que um dia, quando dissemos a ele que estava na hora de guardar um brinquedo e ele não queria, fechou a cara, sentou em um banquinho, cruzou os braços, e olhando muito sério para mim e para meu marido, disse: “eu estou com muita raiva de vocês, porque eu queria brincar, e não quero conversar agora. Quero ficar quieto até a minha raiva passar!” Deixamos ele ali, no cantinho que ele escolheu, até que ele estivesse pronto para conversar novamente. Assim que percebemos que se sentiu melhor, pontuamos o que ele havia conseguido: (1) não descontar na gente o que ele estava sentindo, (2) falar sobre seus sentimentos e (3) sentir a raiva sem permitir que ela o governasse.

Ensino requer repetição, paciência e confiança de que seu filho tem capacidade de aprender o que você ensinar. Pode demorar, mas é possível.

Da próxima vez em que seu filho perder o controle, considere algumas destas alternativas:

– Contenha a criança caso ela esteja agressiva ou queira quebrar coisas ou jogá-las no chão. Como ela está guiada pela emoção, ela precisa ser controlada em seus impulsos de maneira amorosa e firme. 

– Deixe para conversar quando seu filho tiver se acalmado. Dar um "sermão" enquanto a criança está descontrolada não adianta. Ela não está funcionando pela razão, mas pela emoção.

– Quando ela se acalmar, volte a conversar sobre o assunto e sobre as consequências da maneira como ela se comportou. O que foi negativo? O que foi positivo?

– Pense, juntamente com ela, em quais seriam as melhores alternativas para quando ela se sentir da mesma forma como se sentiu desta vez (com raiva, decepcionada, cansada...). Da próxima vez em que isso acontecer, a tendência é que ela vá se lembrando do que vocês já conversaram.

– Incentive a criança de que você confia que ela pode aprender a lidar com este sentimento, em vez de utilizar frases como "você nunca vai aprender", "você é sempre assim", "você é sempre descontrolada"! Lembre-se de que a criança acredita no que ouve de você.

E, por último, mas não menos importante, aprenda a controlar seus sentimentos e emoções. As crianças não aprendem somente através das nossas instruções, mas principalmente do que observam em nós. Você é um modelo para seu filho de como lidar com as emoções e como ter autocontrole. Se você não sabe, aprenda também!