Histórias na Igreja - 01Exemplo

ABRIR OS OLHOS

“Todo o que beber desta água tornará a ter sede; mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna." - João 4.13-14

Um dia desses, em uma reunião do Encontro de Casais com Cristo, lembrei-me de mais um sermão do Pastor Joás. É curioso como certos sermões ficam marcados em nossa memória enquanto outros, passam. Deste, vocês devem se lembrar muito bem, pois o pastor nos pediu que montássemos, com os adolescentes uma cena teatral sobre a passagem bíblica que conta a história de Abraão, Agar e Ismael.

A cena mostrava Abraão expulsando Agar de sua casa, por influência de Sara, e Agar toma então o próprio filho, que era filho de Abraão, e sai para o deserto, sem destino e certamente muito atribulada. Quando ela percebe que lhe faltam forças para prosseguir, já sem água e vendo que o menino poderia morrer, ela se desespera. Neste preciso instante, Deus mostra-lhe um oásis, onde ela enche seu cantil com água fresca sendo salva da morte, que até então lhe parecia certa, tanto para ela, como para Ismael, seu filhinho.

O texto está registrado em Gênesis, capítulo 21, versículos de 9 até 20: “Ora, Sara viu brincando o filho de Agar a egípcia, que esta dera à luz a Abraão. Pelo que disse a Abraão: Deita fora esta serva e o seu filho; porque o filho desta serva não será herdeiro com meu filho, com Isaque. Pareceu isto bem duro aos olhos de Abraão, por causa de seu filho. Deus, porém, disse a Abraão: Não pareça isso duro aos teus olhos, por causa do moço e por causa da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua descendência. Mas também do filho desta serva farei uma nação, porquanto ele é da tua linhagem. Então se levantou Abraão de manhã cedo e, tomando pão e um odre de água, os deu a Agar, pondo-os sobre o ombro dela; também lhe deu o menino e despediu-a; e ela partiu e foi andando, errante pelo deserto de Beer-Seba. E consumida a água do odre, Agar deitou o menino debaixo de um dos arbustos, e foi assentar-se em frente dele, a boa distância, como a de um tiro de arco; porque dizia: Que não veja eu, morrer o menino. Assim sentada em frente dele, levantou a sua voz e chorou. Mas Deus ouviu a voz do menino; e o anjo de Deus, bradando a Agar desde o céu, disse-lhe: Que tens, Agar? não temas, porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde está. Ergue-te, levanta o menino e toma-o pela mão, porque dele farei uma grande nação. E abriu-lhe Deus os olhos, e ela viu um poço; e foi encher de água o odre e deu de beber ao menino. Deus estava com o menino, que cresceu e, morando no deserto, tornou-se flecheiro.”

Lembro-me da conclusão do Pastor Joás: Quando Agar estava no ponto mais alto de sua aflição, sem nenhuma esperança de ajuda e sem ver outra saída senão a sua morte, e de seu filho, Deus lhe abre os olhos e ela vê um poço. Na verdade Agar vê sua salvação, que sempre estivera ali, naquele lugar, mas que ela não conseguia ver, pois tinha os olhos fechados para esta realidade. Nós entendemos que Deus não criara aquele oásis de forma milagrosa naquele exato instante; o oásis já existia, mas Agar não o podia ver. Foi preciso que Deus lhe abrisse os olhos. Assim ocorre com a nossa salvação, que existe e é real, mas que precisamos crer que existe.

Meus filhos, gostaria de falar-lhes sobre quantas vezes pensamos que tudo está perdido, quantas vezes nos faltam saídas para situações de desespero e quantas vezes sentimos que nos falta o chão sob nossos pés. Não vemos soluções para nossos problemas, não vemos salvação para nossos deslizes e para nossas limitações. Parece-nos não haver solução para nossos pecados. Porém, queridos, o oásis que nos oferece a “água da vida” está, e sempre esteve ali, bem ao nosso lado, pronto para nos saciar a sede e pronto para nos salvar da morte.

É preciso apenas que não tenhamos os joelhos e o pescoço enrijecidos, e que não sejamos cegos para as realidades espirituais. O Espírito Santo quer nos abrir os olhos...

Tatuí, 15 de Junho de 1998