Voltando Para CristoExemplo

Buscando o Reino

Se Jesus Cristo é o Rei dos reis, a vida dos que o servem consiste no seu reino - o reino que é referenciado vez após vez nos evangelhos, que é bastante citado na vida da igreja e que, até ser manifestada em seu máximo esplendor, no dia da segunda vinda, vive em cada um de nós, assim como nos relacionamentos de comunhão.

Por vezes, no entanto, não entendemos com tanta clareza esse conceito: o Reino é o domínio de Deus sobre toda a criação, que prevalece através dos séculos e possui o seu próprio sistema de valores. É o agir soberano dele no mundo, redimindo a humanidade e a resgatando do pecado. Se Deus possui para a terra um plano de redenção, que sempre esteve em vigor por meio da promessa e da pessoa de Cristo, conhecer Jesus é conhecer a vontade de Deus, e passar a se esforçar para a ver sendo realizada - a começar em nós.

Não existe um momento ideal para começar a buscar o reino. Alguns têm a ideia de que somente os ultra-capacitados podem colaborar de forma efetiva, quando esse é um chamado para todos os cristãos. A parte mais importante da obra é saber que ela não é realizada somente para o Senhor, mas também com ele e por ele. A postura de temor, humildade e dependência no serviço nos protege de muitos equívocos que a inesperiência pode trazer - portanto, estejamos sempre atentos ao nosso coração, pedindo para o Senhor sondá-lo e lapidá-lo para o serviço intenso e fiel. Ele faz isso de forma muito especial por meio dos irmãos, por exemplo. Dentro do convívio da igreja, temos oportunidade de caminhar com pessoas mais maduras na fé e aprender com elas, sendo discipulados e guiados no reino.

No evangelho de Mateus, por exemplo, o reino é referenciado 55 vezes - um tópico mais do que importante para aqueles que caminham com Jesus. Os discursos de Jesus traziam sempre a mentalidade de seu Pai, e o Sermão do Monte por exemplo, é uma série de concepções contrárias às do mundo, mas alinhadas com o plano de Deus para a história. Os ensinamentos ali registrados nos apontam a visão do Senhor sobre como viver.

No dia 5 do nosso devocional, foi dito que amar Jesus significa amar também o que ele ama. Da mesma forma que ele ama a igreja, ele tem um grande amor pelo seu reino. E quanto mais ganhamos intimidade com Jesus, mais aumenta em nós o desejo de ver o mundo ao nosso redor ser restaurado à imagem da sua vontade - mais aumenta o anseio de ver o seu reino em vigor. É com essa motivação que oramos no Pai Nosso, quando pedimos que venha o seu reino. Deus já governa, mas o reino ainda não foi manifesto em sua forma completa. Assim, aqueles que já andam com o Senhor se encontram nessa era provisória entre a queda da humanidade e a volta de Cristo, desejosos pelo momento em que conhecerão a Deus por inteiro.

Ainda, a Bíblia nos apresenta uma garantia preciosa, que muitas vezes não compreendemos em todo o seu vigor: "Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas (as coisas que necessitamos)vos serão acrescentadas."

Se antes nossas maiores preocupações eram nosso sucesso, aparência, futuro, situação financeira ou o que mais estiver no pacote, pouco a pouco passamos a experimentar a provisão de Deus, que não só nos sustenta, mas também aponta para o que de fato é importante. É claro que algumas dessas questões - como as necessidades básicas - requerem de nós responsabilidade e empenho, e não negligência. Mas saber que elas estão também sendo vistas pelo Senhor nos faz ter uma abordagem de crescente sabedoria.

Passamos a ver as coisas com um olhar mais apurado: nos damos conta de que nem tudo o que achamos que precisamos é de fato necessário, assim como identificamos o cuidado de Deus nos presenteando de forma que jamais sonharíamos ser possível. Deus é o Deus que cumpre suas promessas, e se ele disse que nos acrescentaria cada uma das nossas necessidades à medida que nos engajarmos no seu propósito, podemos confiar que, pela sua graça, seremos amparados. Deus cuida daqueles que cuidam do seu Reino. E os abraça com carinho especial e voluntário.

No entanto, da mesma forma como a graça - como vimos na explicação de Bonhoeffer - é um presente gratuito, mas acaba por custar algo de nós, o reino também exige dos seus servos uma vida diligente. Como tudo com o Senhor, é uma diligência que liberta: o preço que se paga para receber muito mais, tempo investido que redunda em eternidade e uma semeadura que é feita pelo próprio Deus, gerando fruto em cada um de nós. Não à toa, a Palavra diz que o reino dos céus é conquistado pelo esforço - esforço que, quanto mais é feito, mais nos faz gratos. Nada se compara a podermos gastar a vida por algo que vale à pena, e debaixo das asas do nosso Deus bondoso.

Davi parece entender muito bem a ideia de pagar preço com alegria pelo Senhor. Em 2Samuel 24, ele diz que não oferecerá ao seu Deus sacrifício que não lhe custou nada. Vemos o desejo do seu coração: não o de render a Deus apenas as partes secundárias da sua vida, que não têm tanta importância ou diferença. O filho de Jessé deseja que Deus receba toda a disposição que ele for capaz de empreender. Se servir o Senhor custar o seu labor, é isso que ele quer entregar. Ao dizer que ele não oferecerá ao Senhor algo que não lhe custe, ele nos diz que para ele, o valor de Deus é mais elevado do que o de qualquer outra coisa, e que o princípio da mordomia, sobre o qual a Bíblia nos ensina, encontrou morada em seu coração.

No dia de hoje, peça ao Senhor que te revele sua maravilhosa soberania, e te dê amor pela obra que ele está realizando aqui na Terra. Confie que ele possui um plano para você no reino, e que ele é perfeitamente capaz de cuidar de você. Obedecer a Deus nunca é a escolha errada. Afinal, a maior alegria é ser cooperador neste plano de redenção por meio de Cristo Jesus. Que Deus te dê essa consciência e que, à medida que você testemunhar o Pai operando, sua admiração por ele cresça. Que o cântico da sua alma seja "Maranata!"