O Sacrifício Único de Cristo

Hebreus 10:1-18 é uma explanação profunda do sacrifício único de Cristo, que é central na teologia cristã, e sua relação com a Páscoa é inegável e profundamente significativa. O texto começa com a constatação da insuficiência dos sacrifícios da Lei Mosaica, que são apenas uma "sombra dos bens futuros" e não a realidade em si. Os sacrifícios repetitivos não tinham poder para aperfeiçoar aqueles que se aproximavam de Deus, pois se assim fossem, não precisariam ser oferecidos continuamente. A repetição anual desses sacrifícios lembrava os pecados ao invés de removê-los. O autor de Hebreus contrasta isso com o sacrifício de Cristo, efetuado uma única vez, que remove os pecados para sempre.

Pedro e o autor de Hebreus reforçam que Cristo é o verdadeiro Cordeiro da Páscoa, cujo sangue foi derramado não somente para cobrir, mas para apagar os pecados. Ao passo que o cordeiro pascal no Antigo Testamento tinha que ser oferecido ano após ano, o sacrifício de Cristo é eficaz para sempre, "pois com uma só oferta aperfeiçoou para sempre os que são santificados" (Hebreus 10:14). O capítulo continua explicando que Cristo, ao oferecer-se, cumpriu a vontade de Deus e estabeleceu uma nova aliança, na qual a lei de Deus é escrita nos corações e nas mentes dos crentes, e os pecados e iniquidades não são mais lembrados por Deus. Isso ressoa com as promessas da nova aliança apresentadas pelos profetas, particularmente Jeremias.

No contexto da Páscoa, Hebreus 10:1-18 ressalta que, assim como a libertação do Egito foi um ponto de virada na história de Israel, o sacrifício de Cristo é o ponto culminante da redenção para toda a humanidade. Assim como o sangue do cordeiro pascal protegia os israelitas da morte, o sangue de Cristo protege os crentes da morte eterna.

A aplicação prática deste texto é vasta. Primeiro, somos lembrados da completa suficiência do sacrifício de Cristo; não há necessidade de outras ofertas ou méritos próprios para a salvação. Isso deve nos levar a uma vida de gratidão e santidade, pois fomos purificados não por nossos próprios esforços, mas pelo sacrifício de Cristo. Além disso, a certeza de que somos perfeitamente perdoados e santificados pelo sacrifício de Cristo deve nos encorajar a manter uma relação íntima com Deus, sem o temor que caracterizava o antigo sistema de sacrifícios.

Finalmente, ao celebrarmos a Ceia do Senhor, somos convidados a lembrar e proclamar o sacrifício único de Cristo, certos de que não precisamos mais de sacrifícios anuais nem temer nossa condição diante de Deus. Estamos livres para servir ao Senhor com corações agradecidos e cheios de fé, ancorados na realidade de que, através do sangue de Cristo, fomos libertados não só da escravidão do pecado, mas para uma vida nova e viva esperança através da ressurreição de Jesus dentre os mortos.