AMOR

O amor, conforme retratado nas Escrituras, destaca-se não apenas como uma emoção, mas como um princípio ativo, uma decisão firme e deliberada de se dedicar ao bem-estar do outro acima do próprio. Em 1 Coríntios 13:4-8a, Paulo descreve o amor de uma maneira que transcende a mera afeição sentimental, elevando-o ao patamar de uma virtude que se manifesta em ações e escolhas concretas.

“O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba...”

Esta passagem é uma poderosa exortação que nos chama a refletir sobre a natureza verdadeira do amor. Ele é, antes de tudo, paciente e benigno, características que vão além do mero sentir, apontando para uma disposição de longanimidade e gentileza mesmo em face das adversidades. O amor verdadeiro não se deixa levar por impulsos egoístas ou por desejos de autoafirmação. Em vez disso, ele se caracteriza pela humildade e pelo altruísmo, pelo desejo de ver o outro prosperar, mesmo que isso exija sacrifício pessoal.

A capacidade de não “arder em ciúmes” ou de “não buscar os seus interesses” são marcas de um amor que decide, que escolhe o caminho do sacrifício e da renúncia em favor do cônjuge. Tal amor não é passivo nem condicional; ele é ativo e incondicional, fundamentado na decisão de amar, independentemente das circunstâncias ou das emoções momentâneas.

Paulo, ao enfatizar que o amor “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”, nos lembra de que o amor bíblico é resiliente; ele persiste diante dos desafios, mantém a fé no outro e na relação, nutre a esperança e suporta as adversidades. Esta não é uma tarefa fácil; é um exercício contínuo de vontade e de compromisso, um testemunho do poder transformador do Evangelho em nossas relações.

O amor que a Bíblia nos chama a viver é, portanto, uma escolha deliberada de agir em favor do outro, de priorizar o seu bem-estar acima do nosso conforto e desejo pessoal. É um convite à renúncia, ao sacrifício, e à entrega, seguindo o exemplo máximo de amor sacrificial manifestado por Cristo na cruz. Ele nos amou “até ao fim” (João 13:1), não por causa de quem somos, mas apesar de quem somos. Assim, somos chamados a amar nossos cônjuges com esse mesmo amor decisivo, ativo e sacrificial, um amor que escolhe servir, perdoar, e perseverar, dia após dia.

Que possamos, então, refletir sobre a profundidade e a força desse amor bíblico em nossas próprias vidas e relações, entendendo que amar verdadeiramente é muito mais do que sentir; é decidir, é agir, é sacrificar-se. É, em última análise, uma manifestação da graça de Deus operando em nós e através de nós, permitindo-nos amar de forma genuína e transformadora.