COMO VIVEMOS: Abdicando dos Nossos Direitos em Prol dos Outros

“Por isso, mesmo tendo em Cristo plena liberdade para mandar que você cumpra o seu dever, prefiro fazer um apelo com base no amor. Eu, Paulo, já velho, e agora também prisioneiro de Cristo Jesus” Filemon 8-9

As ideias em contraste nesses versículos nos dizem algo muito impactante sobre Paulo e a maneira como ele discipulava as pessoas.

O mundo romano antigo em que Paulo viveu era um mundo de hierarquias sociais bem definidas. O patronato, um sistema de honra e obrigação, ditava as interações entre indivíduos de diferentes classes. Uma pessoa de classe baixa (também conhecida como "o cliente") era lealmente ligada ao seu superior (também conhecido como "o patrono"), que fornecia ao "cliente" várias vantagens sociais e/ou econômicas.

Aspectos da patronagem - essa relação de dar e receber entre "patrono" e "cliente" - podem ser vistos na maneira como Paulo se relacionava com as igrejas que fundou. Feito ministro da Nova Aliança pelo poder do Espírito, Paulo tinha grande ousadia (2 Coríntios 3:4-6, 12) e autoridade dada por Deus (2 Coríntios 13:10). Essa autoridade teria ser estendido a Filemom, que havia se tornado cristão por causa do ministério de Paulo (versículo 19).

Por essa razão, Paulo poderia ter ousadamente ordenado a Filemom a fazer a coisa certa e perdoar seu escravo Onésimo, que havia fugido e que Paulo havia enviado de volta para ele (versículo 12). No entanto, em vez disso, ele preferiu incentivar o perdão em Filemom para que fosse motivado pelo amor - um amor que Paulo sabia que Filemom tinha por todo o povo de Deus (versículo 5).

Paulo reconhece a hierarquia (ele é o "patrono" de Filemom) a fim de aboli-la, abrindo mão de seu direito de dar uma ordem e escolhendo apelar para aquilo que ele sabia que já estava dentro de Filemom.

Filemom entendia bem a autoridade conferida a um "patrono", pois ele mesmo era um deles (um proprietário de escravos com uma casa grande o suficiente para abrigar uma igreja e ter um quarto de hóspedes, v2, 16, 22). Você pode imaginar como Paulo, exemplificando um "patrono" que abria mão de seus direitos, o teria impactado e ajudado a libertar Onésimo - o "cliente" de Filemom - da dívida que ele tinha?