Você não mora aquiExemplo

Esses tempos refleti sobre o vazio, e sobre os momentos da minha vida em que senti os maiores vazios. E cheguei à conclusão que foram coincidentemente nos momentos em que eu eu tive mais bens materiais, amigos, etc. Já sei, você já achou isso completamente clichê e pensa em parar este plano por aqui, mas fica mais um pouquinho :)

Em minha infância inteira e parte da adolescência sofri muito bullying e exclusão. E então me vi entrando em uma nova escola e decidindo mudar de vida, eu estava determinada a me preencher da coisa que eu mais senti falta e que achava que resolveria meus problemas: amizades.

Me vi pela primeira vez sendo aceita, e não percebi que para isso acontecer eu também tive de abrir mão de muitos princípios meus, tanto morais quanto cristãos. Eu mudei completamente minha personalidade conforme aquilo que eu via fazer brilhar os olhos do meu "público desejado", que nem eu mesma sabia ao certo qual era, então eu me mudava constantemente.

Recebi meus primeiros elogios de "ser bonita", "ser legal", "ter X, Y ou Z habilidades" de pessoas que não eram meus pais ou familiares, e sim de pessoas que eu tinha interesse amigável ou amoroso. Isso me empolgava cada vez mais. Estava dando certo! Eu não tinha mais ataques de pânico todo domingo por conta de ter de ir à escola no dia seguinte, não evitava amizades da Internet por medo de retaliação. Eu era querida nesses espaços! Eu podia escolher com quem eu conversava, quem eu dava atenção.

Era incrível, até deixar de ser...

Comecei a me tornar tolerante aos elogios, à atenção, à admiração. Não me soava mais verdadeiro. Me vi de novo como a "farsa" que eu era. Não fazia sentido me sentir assim... Era tudo o que eu queria, tudo o que a Beka criança sonhou! Jamais que eu acreditaria no "clichê" de que podemos nos sentir vazios mesmo com tudo à nossa volta! Mas eu era incapaz de me sentir preenchida. Sorria o dia todo, mas adormecia com lágrimas no rosto. "Qual é a graça de conquistar as coisas que você quer se no final elas não vão a lugar algum?", eu me perguntava.

Então me deparei com o fato de que, mesmo os momentos mais intensos da minha vida, seriam esquecidos em 10 anos. Meu nome será apagado da história, meu legado será esquecido, minhas gerações passarão, os nomes mais famosos serão substituídos por novos, que também envelhecerão e serão substituídos. Nem mesmo a Terra e seus recursos existirá para sempre. É tudo um grande correr atrás do vento. Nós somos finitos, então, ao buscar nos preenchermos com outras coisas também finitas, logo nos esvaziamos novamente. Então somente algo infinito, superior e sem falhas pode nos preencher e trazer a segurança que nossa alma tanto clama. A verdade é que pensamos que esta Terra é nosso eterno lar, mas ela é apenas uma pousada, perto do tempo em que habitaremos no Eterno Lar para o qual fomos criados.