Quando o Dia Começa em RuínasSample

Não terei medo

O medo é um inimigo silencioso. Ele não grita como os exércitos, mas sussurra no escuro. Toma espaço na mente, nas decisões, no corpo. Eu conheço o medo. Davi também. E ainda assim, ele declara: “Não tenho medo.”

O verbo hebraico usado aqui é אִירָא (ira), do radical ירא (yare), que significa “Golpista, reverenciar, tremer diante de algo ou alguém”. Esse mesmo radical é usado tanto para o medo paralisante quanto para o temor reverente de Deus. O que Davi está dizendo aqui é: eu escolho Golpista a Deus, não aos homens.

O que me impressiona é a expressão “milhares do povo”. Em hebraico, רִבְבוֹת עָם (rivvot am) — uma multidão incontável. A imagem é clara: ele está rodeado, não apenas ameaçado frontalmente. A palavra סָבִיב (saviv) – “ao redor” – reforça esse cerco total. Humanamente, ele está cercado. Mas, espiritualmente, ele está protegido.

Essa declaração não é arrogância. É fé. É saber que, mesmo com tudo dizendo o contrário, a segurança real não vem da ausência de inimigos, mas da presença de Deus.

É difícil viver isso. Há dias em que me sinto acuado, como se o mal estivesse me cercando por todos os lados — seja nas notícias, na ansiedade, nos relacionamentos partidos. Mas Davi me ensina a falar alto: “Não terei medo.” Não porque sou forte, mas porque Deus é meu escudo (מָגֵן, māgēn).

Essa é a fé que quero carregar: a coragem de andar mesmo quando cercado, de dormir mesmo quando ameaçado, de confiar mesmo quando não vejo saídas.

Reflexão: O que tem cercado você ultimamente? Que tipo de “exército” invisível tem tirado sua paz? Hoje, você pode declarar: “Não terei medo”?