Fé, Coragem E Posicionamento - As Mulheres Do PropósitoSample

Joquebede: uma fé firme que planeja e entrega

Conhecemos Joquebede antes mesmo de saber seu nome. A filha de Levi, casada com Anrão, só tem seu nome revelado no capítulo 6 (v. 20) e, de forma mais detalhada, em Números 26.59, quando sua família completa é apresentada. A história dessa mãe é marcada por atos de fé e coragem que nos intrigam até hoje. A filha da casa de Levi já era mãe de Arão e Miriã quando engravidou do seu terceiro filho, Moisés, em um cenário totalmente contrário a qualquer esperança.

Se você é mãe ou pai, certamente sente uma conexão especial com essa história. Diante de um decreto de morte dado pelo chefe da nação, que planos seriam possíveis para que os pais salvassem a vida do seu menino? Nessa narrativa, a mãe Joquebede protagoniza a elaboração de um plano estratégico e cheio de fé para que seu filho fosse protegido da sentença do Faraó, que exigia a morte de todo filho homem das hebreias, conforme vimos no primeiro dia desse devocional.

Aqui, vemos uma mãe encantada pela beleza do seu bebê e disposta a utilizar sua fé, traçando um plano discreto, sigiloso e ousado. Se você já conviveu com recém-nascidos, é possível entender que esconder uma criança por três meses não deve ter sido fácil; porém, depois desse período, seria praticamente impossível. O bebê ganha mais força, o choro encorpa, gritinhos e balbucios aparecem, e o bebê começa a querer conhecer o mundo à sua volta. Como seria possível, dali para frente, ninguém perceber essas manifestações do milagre divino que é a vida?

Joquebede se divide entre o puerpério e uma atividade especial: construir um cesto, tornando-o impermeável o suficiente para ser capaz de proteger Moisés durante o primeiro e mais arriscado "passeio" de sua preciosa vida, que mal havia começado. Betumou o cesto como sinal de preparo para dar início a uma grande estratégia.

Despedir o cesto à margem do grande Nilo não era algo aleatório. Certamente, a mãe de Moisés tinha total compreensão do que acontecia por ali. O rio tinha grande utilidade para aquela civilização e, entre cultivos, construções e comércios, também existiam rituais de purificação que aconteciam nas águas do Nilo. Possivelmente, também era hábito das filhas do Faraó banharem-se nele. Joquebede acreditou e traçou um curso para que o cesto fosse encontrado, mas não por qualquer pessoa: a filha do Faraó era o destinatário desejado. Mas como ter certeza de que aquela mulher não agiria contra a vida do seu filho? Acredito que a resposta esteja na fé necessária para confiar que Deus estava à frente do seu plano. Semelhante a Abraão quando ofertou o próprio filho, crendo que Deus se encarregaria do final da história, Joquebede teve a confiança necessária para crer que Deus cuidaria do curso da história de Moisés; ela não o despediu em um rio, ela o confiou nas mãos do seu Deus. Por essa expressão de fé, vemos os pais de Moisés compondo a galeria dos heróis da fé (Hb 11.23), pois, não temendo o mandamento do Faraó, o esconderam, o protegeram e se envolveram no propósito maior de Deus de salvar a vida de alguém que era mais do que seu filho: era o escolhido de Deus para libertar seu povo.

Em momentos de cenários adversos, diante de decretos que desejam tirar a nossa vida ou destruir aquilo que temos de mais precioso, nossas atitudes revelam mais a nossa fé do que aquilo que fazemos nas liturgias dos nossos cultos. Nosso posicionamento, nossa fé prática e as estratégias que Deus nos dá, diante dos Faraós que surgem em nossa vida, são fatores importantes para sobrevivermos às batalhas que travamos aqui. Quando não podemos lutar com forças equivalentes ou requerer direitos, nós podemos agir protegendo o que temos de mais precioso, guardando nosso coração, impermeabilizando-o com o betume da Palavra de Deus, guardando nossa fé, colocando nossos sonhos e projetos em Deus, sabendo que há tempo para todas as coisas: tempo de se esconder, tempo de se preparar e tempo de agir. E às vezes, agir é "despedir" o que temos, crendo que Deus é o Senhor da nossa vida, dos tempos, dos trajetos, dos Reinos, de todas as coisas, e se agrada daqueles que creem nele.