Quando o Dia Começa em RuínasExemplo

Mas Tu, Senhor...

Há um “mas” que muda tudo. Depois de confessar o medo, a angústia e a perseguição, Davi vira a chave da sua oração com uma frase poderosa: “Mas Tu, Senhor…”
Esse “mas” em hebraico é וְאַתָּה (ve’attah) — um contraste decisivo. Enquanto os inimigos se levantam, Davi declara: Mas Tu és… Não o que pareces ser, não o que talvez faças — Tu és.

Davi diz que Deus é seu escudo — em hebraico, מָגֵן (māgēn). Essa palavra traz a ideia de proteção envolvente, não apenas uma placa na frente do corpo, mas um escudo que cerca. Diferente dos escudos romanos, o māgēn israelita era redondo, móvel, acompanhava o guerreiro. Deus é esse tipo de escudo: Ele não apenas nos defende; Ele nos cerca, se move conosco, cuida da retaguarda e do coração.

Além disso, Deus é a minha glória — כְבוֹדִי (kevodi). O termo hebraico kavod carrega a ideia de peso, importância, substância. É como se Davi dissesse: “Mesmo sem coroa, sem trono, sem aprovação do povo, Tu és o meu verdadeiro valor.”

E por fim, Davi diz que o Senhor é aquele que “exalta a minha cabeça” — expressão hebraica que remete à restauração da honra, à dignidade devolvida, ao ato de alguém levantar o rosto do abatido.

Eu também preciso desse “mas”. Quando minha alma abaixa a cabeça, quando meus olhos só veem chão e poeira, preciso lembrar: Ve’attah, Senhor... Tu me cercas. Tu me valorizas. Tu me levantas.

Reflexão: Onde você precisa hoje declarar “Mas Tu, Senhor”? Que parte do seu coração precisa ser cercada, valorizada e levantada?